segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Marina, REDE e os oportunistas de sempre

Por Adelson Vidal Alves



As manifestações de Junho de 2013 deixaram um recado: ou a política muda ou cai em total descrédito. O povo nas ruas cobrava das instituições e partidos políticos a renovação. Muitas foram as tentativas de respostas, a própria presidente Dilma apresentou medidas que visavam acalmar os ânimos populares, e no campo partidário, uma série de movimentos  ousaram em sonhar com um partido político de novo tipo. Entre essas iniciativas estava a construção da hoje REDE Sustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva.

A REDE funciona sob uma perspectiva democratizante. Suas decisões devem ser tomadas por consenso. A verticalização presidencialista dos partidos tradicionais é substituída por um paradigma horizontalizado, que dispensa presidente, figura trocada por porta vozes masculino e feminino. Apesar de todo este esforço, a REDE fracassou em sua primeira eleição. Isso quando sua figura maior, Marina Silva, aparece como favorita nas pesquisas presidenciais.

Não só a derrota nas urnas, a REDE sofre com fissuras e disputas internas fratricidas, que expõe o fato de que o partido não conseguiu imunidade contra os oportunistas. Brasil a fora, a REDE é dirigida pela velha política ou por caciques que ditam as regras autoritariamente, como o deputado Alessandro Molon no Rio de Janeiro, o petismo em pessoa infiltrado no partido.

Tudo isso atinge Marina, que corre o risco de ter no seu próprio partido sua maior fragilidade. Se a REDE não conseguiu emplacar grandes vitórias eleitorais, sinal que sua mensagem não chegou ao povo. Talvez pior, o partido e Marina parecem não ter uma mensagem de fato, com a diferença que Marina acumula, pelo seu carisma e história, um patrimônio de votos considerável.

Com o exemplo de 2014, Marina vai precisar ter um rosto em sua candidatura, para que se consolide como alternativa. Até agora ela e seu partido seguem sem um rosto, sem orientação ideológica coerente, sem projeto de país. Quem nunca se perguntou: Marina é de esquerda ou de direita? É socialista ou liberal? Apoia ou não apoia as bandeiras LGBT? Ou se resolve e faz disso um programa político ou correrá o risco de ser desintegrada quando o debate político das eleições começar de fato.


Nenhum comentário:

Postar um comentário