Por Adelson Vidal Alves
As manifestações de Junho de
2013 deixaram um recado: ou a política muda ou cai em total descrédito. O povo
nas ruas cobrava das instituições e partidos políticos a renovação. Muitas
foram as tentativas de respostas, a própria presidente Dilma apresentou medidas
que visavam acalmar os ânimos populares, e no campo partidário, uma série de
movimentos ousaram em sonhar com um
partido político de novo tipo. Entre essas iniciativas estava a construção da
hoje REDE Sustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva.
A REDE funciona sob uma
perspectiva democratizante. Suas decisões devem ser tomadas por consenso. A verticalização
presidencialista dos partidos tradicionais é substituída por um paradigma
horizontalizado, que dispensa presidente, figura trocada por porta vozes
masculino e feminino. Apesar de todo este esforço, a REDE fracassou em sua
primeira eleição. Isso quando sua figura maior, Marina Silva, aparece como
favorita nas pesquisas presidenciais.
Não só a derrota nas urnas, a
REDE sofre com fissuras e disputas internas fratricidas, que expõe o fato de
que o partido não conseguiu imunidade contra os oportunistas. Brasil a fora, a
REDE é dirigida pela velha política ou por caciques que ditam as regras
autoritariamente, como o deputado Alessandro Molon no Rio de Janeiro, o petismo
em pessoa infiltrado no partido.
Tudo isso atinge Marina, que
corre o risco de ter no seu próprio partido sua maior fragilidade. Se a REDE
não conseguiu emplacar grandes vitórias eleitorais, sinal que sua mensagem não
chegou ao povo. Talvez pior, o partido e Marina parecem não ter uma mensagem de
fato, com a diferença que Marina acumula, pelo seu carisma e história, um
patrimônio de votos considerável.
Com o exemplo de 2014, Marina
vai precisar ter um rosto em sua candidatura, para que se consolide como
alternativa. Até agora ela e seu partido seguem sem um rosto, sem orientação
ideológica coerente, sem projeto de país. Quem nunca se perguntou: Marina é de
esquerda ou de direita? É socialista ou liberal? Apoia ou não apoia as
bandeiras LGBT? Ou se resolve e faz disso um programa político ou correrá o risco
de ser desintegrada quando o debate político das eleições começar de fato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário