São apenas pouco mais de 15
dias de governo, mas o prefeito de Volta Redonda Samuca Silva vem confirmando a
regra dos novos governantes eleitos, que abusam do marketing pessoal em tempos
de anti-política, aliás, foi esse o tema de uma reportagem publicada no site da
revista Exame, no ultimo dia 16, onde Samuca, inclusive, é citado. A matéria
fala dos prefeitos eleitos que venceram desdenhando da política, posando como
gestores. A maioria deles iniciou seus mandatos com ações demagógicas, que
visam criar símbolos em torno de seu governo, do tipo tentar mostrar que são
iguais a seus governados. “Os prefeitos estão buscando uma legitimidade típica
de começo de mandato. Trata-se, claro, de uma legitimidade simbólica – que no
universo político é muito importante. Ao se vestir de gari, por exemplo, o
político quer passar a mensagem de que vai trabalhar duro pela cidade”,
comentou na reportagem o cientista político Cláudio Couto, professor do
Departamento de Gestão Pública Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP),
que ainda fez um alerta, para ele “isso não pode se tornar o
fator principal dentro de uma administração. Não é se vestir de trabalhador que
vai transformar alguém em um bom prefeito”,
Bicicletas, ônibus e caminhadas
A fim de reforçar sua imagem de
campanha, Samuca convocou a imprensa para cobrir seu cotidiano. No primeiro dia
de mandato, foi trabalhar de ônibus. Sua equipe tinha mais gente que o número
de passageiros do coletivo. Depois, resolveu ir a pé, e recentemente, de
bicicleta, sempre abusando das fotos, das selfies e dos vídeos. Parte da
população o apoiou, mas a maioria parece ter olhado com desconfiança. O Jornal
Aqui chegou a pedir em sua capa: “Sem demagogia, por favor!”.
Ataques ao ex-prefeito
Sem ter apresentado nenhuma
pauta relevante de governo, Samuca tem apostado, além do marketing pessoal, nos
ataques a seu antecessor, Antônio Francisco Neto. Em uma entrevista coletiva
cheia de pompa, ele denunciou uma suposta dívida da prefeitura de mais de R$
800 milhões de reais, um problema que seus adversários de campanha sempre
denunciaram e ele minimizou. Disse que Neto só deixou R$ 21 milhões em caixa, e
insinuou que a prefeitura não teria dinheiro sequer pra honrar os pagamentos em
dia dos servidores públicos. O ex-prefeito respondeu que a divida está
parcelada em 20 anos, e até agora, Samuca não respondeu se Neto estava ou não
com a razão.
Passado alguns dias, o atual
chefe do executivo voltou a sua artilharia, dessa vez criticando Neto por usar
a porta dos fundos para entrar no Palácio 17 de Julho. Disse ele a já citada
reportagem da Exame: “Sou a favor do olho no olho. Nos primeiros dias do meu
mandato, fui trabalhar de ônibus e também fiz o percurso de casa até à
prefeitura à pé. Eu entro pela porta da frente da prefeitura. O ex-prefeito
entrava pela porta dos fundos.”. Neto respondeu: “Lamento ter lido isso, pois
não é bem assim. A entrada citada pelo Samuca é que dá acesso facilitado ao elevador,
usado pelas pessoas com necessidades especiais ou dificuldades de locomoção.
Eu, Marcelo e tantas outras pessoas da prefeitura usam essa entrada. Jamais
deixei ou deixarei de olhar os cidadãos nos olhos. Fui prefeito por quatro
mandatos, três vezes deputado e assumi funções que dignificaram nossa cidade,
como agora. Não é justo ler isso”.
Pelo jeito, até mesmo a
tentativa de se vangloriar pelo marketing vem sendo feita de forma desastrada e
bizarra. Seus assessores deveriam lhe aconselhar iniciar logo seu governo, até
o marketing tem prazo de validade.
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