Por Adelson Vidal Alves
Estou entre aqueles que sempre
apoiaram nova eleição presidencial. Mas ela é inviável por falta de força
legal, e no TSE, os caminhos para tal possibilidade parecem ser longos e
demorados, ou seja, nada de nova eleição
por enquanto.
Os que defenderam o
impeachment, então, tem diante de si um dilema: apoiar ou não o governo
interino do presidente Michel Temer. Defender o impedimento e depois ir somar
forças a oposição guerrilheira PT/PSOL/PCdoB me parece incoerência, então, as
forças que trabalharam na destituição de Dilma devem estar ao lado de Temer ou
agindo de forma independente. Em ambos os casos, é preciso entender que o
fracasso do governo interino pode significar a recuperação do PT como força de
governo, e pior, com Dilma de volta. Em miúdos, significa dizer, trazer para
dentro do governo, novamente, todos os elementos da crise.
Os primeiros dias do novo
governo vem sendo difíceis, por questões que fogem ao presidente, como o
vazamento dos áudios de Jucá, mas também por ações mal calculadas por Temer,
como um ministério sem mulheres e o fim do Minc. Erros como esse e sua
respectiva mudança de rumo, são normais em governos democráticos, mas em nosso
caso, é fornecer armas para o inimigo, que abandonou a normalidade dialética da
democracia oposição x governo, para agir como guerrilha, sabotando não só a
administração atual, mas toda a república, como se os velhos sonhos leninistas de
destruir o Estado burguês saltassem aos olhos dessa vanguarda revolucionária.
Só que não, eles querem o “Estado burguês” de volta pra eles.
De toda forma, mesmo que
guardemos nossas reservas a Temer e sua composição de governo, feita aos moldes
da velha negociata política, que tenhamos severas criticas ao arrocho que
ameaça atingir em cheio trabalhadores e aposentados, fazer com que ele se
recupere e se ponha de pé significa não uma adesão incondicional, mas condição
indispensável para que a institucionalidade tenha a tranquilidade necessária
para que a crise seja vencida nos termos de nossa democracia. As guinadas
conservadoras e prejudiciais ao povo, também esperadas devido ao pacto pró-impeachment,
devem ser enfrentadas no campo da política, sem terror e distorções, com buscas
de consenso, com ruas lotadas, pressões de todos os lados, sem que agendas
pontuais se somem ao velho e desgastado grito de Golpe.
Em tempos, devemos observar
Temer e fornecer a ele o que o PT teve durante sua vida de governo, a
legitimidade institucional, o que por si já oferece espaços cívicos de oposição,
de onde sim deve sair sínteses de interesse nacional.
Não se trata de defender Temer, se trata de defender o impeachment, tão trabalhosamente construído. Foi ele que nos livrou da nefasta era de populismo e desmonte econômico.
O fracasso do
governo interino é um trágico convite de volta ao passado assombroso do
lulopetismo. Resta-nos garantir que eles não voltem, é a chance do Brasil.