Por Adelson Vidal Alves
Uma das primeiras medidas de
Michel Temer como presidente da República foi o anuncio da redução de
ministérios. Foram ao todo nove. A
iniciativa tem o correto objetivo de enxugar o Estado inchado da era petista.
Lula e Dilma aumentaram o aparato estatal, não para trazer a eficiência
necessária aos serviços públicos, mas para acomodar aliados em negociatas
espúrias.
No entanto, Temer exagerou na
dose, ao extinguir o Minc (Ministério da cultura) fundindo suas políticas ao
Ministério da Educação. O ato praticamente
desmontou a estrutura já mínima de um ministério que cuidava do patrimônio
imaterial do nosso povo, que tinha a missão de proteger a criticidade cultural
e a autonomia criativa da arte. Fundida à pasta da educação, a cultura, como política de
Estado, recebe papel subalterno, e perde protagonismo.
O presidente em exercício
ignorou a cultura como formadora de almas, como construtora de consciências que
formam uma determinada ordem social, que guarda história e memória.
A cultura é a expressão do
espírito que se converte em arte, que fala pelo povo e sua história. Ao
extinguir o portador oficial do diálogo Estado e sociedade no campo da cultura, Temer desprezou o papel que o poder público deve ter frente a produção
cultural, principalmente como provedor material da criatividade artística, que
garante aos agentes culturais a autonomia da cultura frente ao mercado e ao
próprio Estado.
Tá certo que o Minc, na era
petista, foi muito mal dirigido. Serviu a interesses ideológicos e
mercadológicos, mas isso não significa que se deva destruir o ministério por
conta de seus ocupantes temporários, é jogar fora a agua suja e o bebê juntos. É
como se fôssemos extinguir o parlamento
por conta de seus atuais representantes
eleitos.
Michel Temer agiu contra uma
importância esfera da vida humana, a dimensão simbólica da produção
intelectual. Com isso, produziu um enorme retrocesso, e jogou contra si
importantes atores da vida nacional. Um erro grosseiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário