segunda-feira, 16 de maio de 2016

Extinção do Minc, um grande erro de Temer

Por Adelson Vidal Alves



Uma das primeiras medidas de Michel Temer como presidente da República foi o anuncio da redução de ministérios.  Foram ao todo nove. A iniciativa tem o correto objetivo de enxugar o Estado inchado da era petista. Lula e Dilma aumentaram o aparato estatal, não para trazer a eficiência necessária aos serviços públicos, mas para acomodar aliados em negociatas espúrias.

No entanto, Temer exagerou na dose, ao extinguir o Minc (Ministério da cultura) fundindo suas políticas ao Ministério da Educação.  O ato praticamente desmontou a estrutura já mínima de um ministério que cuidava do patrimônio imaterial do nosso povo, que tinha a missão de proteger a criticidade cultural e a autonomia criativa da arte. Fundida à pasta da educação, a cultura, como política de Estado, recebe papel subalterno, e perde protagonismo.

O presidente em exercício ignorou a cultura como formadora de almas, como construtora de consciências que formam uma determinada ordem social, que guarda história e memória.

A cultura é a expressão do espírito que se converte em arte, que fala pelo povo e sua história. Ao extinguir o portador oficial do diálogo Estado e sociedade no campo da cultura, Temer desprezou o papel que o poder público deve ter frente a produção cultural, principalmente como provedor material da criatividade artística, que garante aos agentes culturais a autonomia da cultura frente ao mercado e ao próprio Estado.

Tá certo que o Minc, na era petista, foi muito mal dirigido. Serviu a interesses ideológicos e mercadológicos, mas isso não significa que se deva destruir o ministério por conta de seus ocupantes temporários, é jogar fora a agua suja e o bebê juntos. É como se fôssemos extinguir  o parlamento por conta de seus atuais  representantes eleitos.

Michel Temer agiu contra uma importância esfera da vida humana, a dimensão simbólica da produção intelectual. Com isso, produziu um enorme retrocesso, e jogou contra si importantes atores da vida nacional. Um erro grosseiro.




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