Por Adelson Vidal Alves
Diploma acadêmico não garante
caráter de ninguém. O historiador tem a missão de reconstruir o passado lendo
as fontes, investigando, levantando hipóteses, concluindo tramas do pretérito,
a luz de sua interpretação. Neste caso, é verdade, a história se faz com alta
dose de subjetividade profissional, que não anula, porém, sua objetividade,
garantida pelo método.
Mas um grupo autodenominado “historiadores
pela democracia” resolveu inverter o método, vestindo suas conclusões
encomendadas, de pesquisa científica, sem
seguir a formalidade metódica que exige qualquer historiografia séria. Além do mais, a autoproclamação de “homens da
história defensores da democracia”, acaba por excluir do rol democrático todos
seus colegas que não engoliram o papo do golpe contra Dilma. Pura desonestidade.
Hebe Mattos, Carlos Fico e Lillia
Schwarcz, condicionaram o conceito de democracia a manutenção do partido que
defendem no poder, mesmo quando as instituições democráticas do seu país estejam
funcionando segundo as regras da Carta Magna a qual estão submetidas. De forma
orquestrada, pretendem escrever a história recente do Brasil como um golpe de
Estado, ainda que o processo de impeachment, no qual dizem se debruçar como
objeto de pesquisa, sequer tenha sido concluído.
O historiador honesto tem a
cautela de se afastar do objeto investigado, mesmo sabendo da impossibilidade
integral do ato. Mas esses acadêmicos resolveram, no calor dos acontecimentos,
organizar uma bibliografia que seja capaz de vestir narrativas políticas com vestimentas historiográficas, tratando o impeachment constitucional
como ataque à ordem democrática
Fossem honestos, os tais
pesquisadores teriam se autointitulado de cidadãos pela democracia, movimento
pela democracia ou algo assim, pois é de direito a livre expressão do homem
historiador. Mas a formação de um grupo com titulo acadêmico e projetos
bibliográficos só pode ter a função de monopolizar para si a narrativa
histórica, que em condições normais, se faz com o rigor do método, e não serve
a projetos ideológicos, como os tais historiadores pretendem fazer.