quarta-feira, 29 de junho de 2016

Historiadores desonestos

Por Adelson Vidal Alves



Diploma acadêmico não garante caráter de ninguém. O historiador tem a missão de reconstruir o passado lendo as fontes, investigando, levantando hipóteses, concluindo tramas do pretérito, a luz de sua interpretação. Neste caso, é verdade, a história se faz com alta dose de subjetividade profissional, que não anula, porém, sua objetividade, garantida pelo método.

Mas um grupo autodenominado “historiadores pela democracia” resolveu inverter o método, vestindo suas conclusões encomendadas, de pesquisa  científica, sem seguir a formalidade metódica que exige qualquer historiografia séria.  Além do mais, a autoproclamação de “homens da história defensores da democracia”, acaba por excluir do rol democrático todos seus colegas que não engoliram o papo do golpe contra Dilma.  Pura desonestidade.

Hebe Mattos, Carlos Fico e Lillia Schwarcz, condicionaram o conceito de democracia a manutenção do partido que defendem no poder, mesmo quando as instituições democráticas do seu país estejam funcionando segundo as regras da Carta Magna a qual estão submetidas. De forma orquestrada, pretendem escrever a história recente do Brasil como um golpe de Estado, ainda que o processo de impeachment, no qual dizem se debruçar como objeto de pesquisa, sequer tenha sido concluído.

O historiador honesto tem a cautela de se afastar do objeto investigado, mesmo sabendo da impossibilidade integral do ato. Mas esses acadêmicos resolveram, no calor dos acontecimentos, organizar uma bibliografia que seja capaz de vestir narrativas políticas com vestimentas historiográficas, tratando o impeachment constitucional como ataque à ordem democrática


Fossem honestos, os tais pesquisadores teriam se autointitulado de cidadãos pela democracia, movimento pela democracia ou algo assim, pois é de direito a livre expressão do homem historiador. Mas a formação de um grupo com titulo acadêmico e projetos bibliográficos só pode ter a função de monopolizar para si a narrativa histórica, que em condições normais, se faz com o rigor do método, e não serve a projetos ideológicos, como os tais historiadores pretendem fazer. 

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