Por Adelson Vidal Alves
O PT sempre se serviu bem de
intelectuais. Florestam Fernandes, Francisco Weffort, Denis Rosenfield, Carlos
Nelson Coutinho, Ricardo Antunes, Leandro Konder, Francisco de Oliveira são
alguns nomes de peso que compuseram o núcleo de construção do pensamento
original petista, este que na verdade jamais se formou com clareza, isto é, sem
apresentar de fato que tipo de socialismo ou de sociedade igualitária desejava-se
para o Brasil. Ainda sim, do PT, partiram grandes reflexões teóricas, sobretudo,
nos períodos de oposição do partido.
Mas a chegada de Lula ao poder
central da República brasileira criou uma grande cisão nesta intelectualidade.
Parte dela ficou insatisfeita com o programa moderado apresentado pelo novo governo,
que praticamente repetia, principalmente na economia, tudo que se criticara nos
governos anteriores. A política de alianças também foi ponto importante para
que acadêmicos então petistas rompessem com a gestão de Lula e migrassem para
variadas partes da política brasileira, de extrema-esquerda, centro-esquerda,
centro e até mesmo conservador. A intelligentsia petista se fragilizou, e o que
sobrou no seu seio intelectual foi convertido a ideólogos desprovidos de
críticas, militantes de uma causa partidária, e não de um sonho, que teria
movido milhões de brasileiros no decorrer da década de 1980.
Emir Sader foi um dos que
ficaram. O sociólogo, um dos mais empolgados lulistas que se tem conhecimento,
escreveu com otimismo “a vingança da
história”, logo após a vitória do ex-operário para presidência da
república. Literalmente convocado para formular uma teoria da era lulo-petista,
protagonizou episódios bizarros, quando foi demitido sem ter sido nomeado
a responsável pela Casa Rui Barbosa. Ele
chamou a então ministra da cultura Ana de Hollanda de autista. Foi demitido sem
ter sentido o gosto do poder, que sempre desejou com o sonho de um dia assumir
o Minc. Nos seus piores momentos chamou manifestantes do MTST de vira-latas,
foi machista com a mulher de Michel Temer e xingou o Juiz Sérgio Moro.
Uma segunda figura intelectual
do neo-petismo é a filósofa Marilena Chauí. Depois de anunciar silêncio frente ao
escândalo do mensalão, que atingiu em cheio a cúpula petista, ela voltou a cena
em um evento público destilando ódio contra a classe média, a quem atacou com
adjetivos dos mais fortes, num tom de delírio odiento. Seu comportamento trouxe
perplexidade até mesmo aos seus antigos colegas da esquerda petista. No entanto,
nada se compara ao papel que hoje ela se propõe a cumprir.
Em vídeo recente, Chauí acusou
a Lava-Jato de ser na verdade um trama obscuro para roubar o pré-sal do Brasil.
A prova? Nas palavras inacreditáveis da filósofa uspiana estaria no fato de que
o Juiz Sergio Moro, responsável pela operação que desmontou um mega-esquema de
corrupção na Petrobrás, teria sido treinado pela
CIA. Na mesma linha, em uma prova cabal de discurso orquestrado, veio o teólogo
Leonardo Boff, que acusou Moro de tentar alinhar o Brasil aos interesses
geopolíticos do nosso vizinho do Norte.
Percebe-se que a reflexão
crítica da intelectualidade petista se converteu em serviço ideológico e midiático,
onde a defesa de um partido se sobrepõe aos princípios programáticos, aos
interesses nacionais e aos valores mais caros a quem um dia se propôs a ser
força de mudança num país injusto para um país mais democrático e solidário. O
fim destes intelectuais não podia ser pior. Surtaram!
Pois é.
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