Por Adelson Vidal Alves
Afastada, Dilma Roussef aguarda
no Palacio da Alvorada seu julgamento definitivo no Senado federal quanto ao
processo de impeachment que vem sofrendo. Nenhuma grande mudança se deu em
direção a uma possível virada de jogo da presidente. Mas a esperança se
sustenta na medida em que seu sucessor, Michel Temer, ainda que em pouco tempo,
mostra a sociedade um governo vacilante, conservador e sem criatividade.
Tudo isso faz o povo brasileiro
voltar á letargia, ao desalento, deixando as ruas e esvaziando a política. O
interino não foi capaz de organizar em torno de si um pacto nacional, não foi
capaz de sinalizar para medidas estruturais anti-crise, antes passou boa parte
do tempo demitindo ministros que sequer deveriam ser nomeados, investigados que
estavam pela Justiça brasileira, alguns deles até já condenados.
Os tais “ministérios de
notáveis” foram substituídos em negociatas espúrias, ao gosto da velha
política, prática condenada nas manifestações de rua que ajudaram a sangrar de
morte o antigo governo. Na economia, Meirelles faz esforço no sentido de sanar
os rombos da conta pública nos moldes da ortodoxia impopular e até agora
ineficiente. Fala-se em aumentar impostos, privatizar setores essenciais,
congelar salários, medidas que em si, além de não representarem nenhuma garantia
de sucesso, freiam o crescimento e paralisam o desenvolvimento, oferecendo
riscos a programas sociais de sucesso, conquistados a duras penas pela luta
popular no período de redemocratização nacional.
É verdade que o retorno de
Dilma não representa nenhuma solução, ao contrário, seria a volta de elementos
ainda mais graves para a crise, de modo que é impensável inocentar a
presidente, primeiro por que os elementos jurídicos seguem apontando crime de
responsabilidade da presidente afastada, segundo, por que o PT e seu ciclo de
governo se esgotaram, não tem apoio da sociedade e estão manchados pela
imoralidade pública que o partido teima em tratar como sabotagem das elites.
O ideal seria que o povo fosse
chamado a novas eleições, algo constitucionalmente possível somente em caso de
cassação da chapa Dilma/Temer. Temos denúncias sérias e embasadas para
acreditarmos que ambos foram eleitos com dinheiro do Petrolão, estão todas no
TSE. O mais desejado é que tais denúncias sejam apuradas, e com a cassação, um novo processo
eleitoral fosse convocado. Seria o ideal, seria o mais democrático.
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