sábado, 30 de julho de 2016

Professores ganham bem?

Por Adelson Vidal Alves



Se há uma coisa que me irrita são professores que se vitimizam. Comparam o exercício docente à mendicância, ridicularizam a si mesmo como profissionais. Professores, em geral, ganham relativamente bem, comparados a outras profissões. A grande questão sempre passou pela valorização do profissional como valorização da educação, ganhando o que realmente é justo frente ao papel social que cumpre. É disso que sempre reclamamos.

Sim, nós temos férias de 45 dias, licença prêmio a cada 5 anos, licença para fazer mestrado e doutorado, jornadas de trabalho menores. Conquistas históricas da categoria, ainda insuficientes, mas que para alguns soam como privilégios. É o caso do colunista da revista Veja Claudio de Moura Castro, que em recente artigo, intitulado “Professores ganham mal?” reclamou desses direitos mínimos que desfrutam os professores.  

Para o economista, professores ganham mais do que produzem. Em sua visão, o rendimento salarial deveria ser compatível com a produtividade do alunado. Iguala-se escola a uma fábrica, que no caso, funcionaria muito mal, já que os professores seriam em sua maioria incompetentes. Castro considera absurdo professores terem licença para fazer mestrado. O próprio chega a dizer que mestres e doutores em nada somam no rendimento da educação, apesar de ganharem mais. Diz isso sem apresentar nenhuma prova que corrobore sua afirmação.

O autor do texto, ainda, abusa em fazer contas para mostrar que educadores aposentados passaram mais tempo a toa do que trabalhando, que a vida laboral docente é pequena devido a subtração de tempo com o uso dos direitos que usufruem tais profissionais. Sempre sendo substituídos por gozarem de direitos, seriam todos onerosos para o Estado.

Em tempos onde professores são os mais atingidos pelos cortes feitos por governos em tempo de crise, onde burocratas dos judiciários e políticos recebem aumentos astronômicos, Claudio de Moura Castro resolveu atacar os professores, como se fossem eles os maiores gastadores do erário público, como se fossem marajás, resmungões privilegiados que reclamam sem motivo da vida mansa que tem.

 Mais que uma opinião, penso que textos como esse tem objetivos claros de desqualificar as reivindicações legítimas de uma classe visivelmente desvalorizada. Aqui não é apenas desinformação concretizada num punhado de asneiras publicadas em um meio de comunicação de circulação nacional. Aqui há luta de classe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário