Por Adelson Vidal Alves
Os poucos que ainda acreditam
no retorno de Dilma à presidência da República apostaram todas as suas fichas
que o povo brasileiro fosse às ruas na abertura dos jogos olímpicos denunciar o
“golpe”. Não foi. Salvo as entidades de ligação histórica com o PT, os brasileiros
optaram por prestigiar o país e o momento histórico que vive.
As tão sonhadas vaias a Temer
foram tímidas, ainda que o protocolo da abertura tenha dispensado a figura do presidente
interino em algum momento. Atitude até certo ponto compreensível, havia o risco
de se apresentar a minoria de um país quebrando regras mínimas de civilidade,
como a de respeitar autoridades constituídas. Em geral, o discurso do golpe não
apareceu.
O fato é que todo o trabalho de
marketing para convencer os brasileiros que Temer lidera um governo golpista
fracassou. O Brasil sente e sabe que vivemos a normalidade democrática.
Soma-se, ainda, que as pesquisas de opinião mostram que mesmo o interino não
tendo decolado na popularidade, não se deseja o retorno de Dilma, uma figura
cada vez distante da atenção dos brasileiros.
O próprio PT já se afasta de
Dilma. Sonham com um fracasso absoluto de Temer e o triunfo messiânico de Lula
em 2018. De certo modo, é a estratégia que sobrou. Mas parece óbvio que o
Partido dos Trabalhadores se dissolve em meio à Operação Lava jato, e tudo
indica que sairá devastado destas eleições municipais. O próprio Lula acumula
um alto índice de rejeição
Esse quadro político oferece
oportunidade para uma saída alternativa para o país a médio prazo. PMDB e PT
são sócios na quebradeira do país nos últimos anos, serão igualmente
responsabilizados, e devem arcar com os prejuízos nas urnas. Mas a grande
questão é o que virá. Estaremos na direção de se construir uma nova força
política de governo? Há sinais de acúmulo de forças para fazermos real o desejo
de milhões para um Brasil pós-PT/PMDB?
Gramsci certa vez alertou que
se o velho está morrendo e o novo não nasce, elementos mórbidos podem aparecer.
Isto é, se a governança atual se esgota e o novo não aparece, pode ser que haja
uma recomposição do velho e sua sobrevida. O desafio passa ser construir, na
vida real, a novidade que de conta de superar o atual ciclo de governo.
Enfim, é necessário a
articulação política e social que vá além da polarização, que se estabeleça
como síntese democrática que represente o grito das ruas, que passe longe dos
conflitos toscos que contrapõem “petralhas e “coxinhas”, e que possa, de fato,
unir o Brasil, retornar o ambiente cívico da política. Temos a chance de reconfigurar
nossa política, renová-la para o seu objetivo original: a busca do bem comum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário