Adelson Vidal Alves
Em 2004, nas eleições para
prefeito em Volta Redonda, o aperto de mão entre o presidente da Companhia
Siderúrgica Nacional, Benjamin Steinbruch, e o então candidato Paulo Cesar
Baltazar, decretou a derrota deste. A dupla apostou na chantagem do alto forno
4. Ou Baltazar venceria, ou não haveria construção de mais um alto forno na
siderúrgica. Não colou, Baltazar perdeu. Em 2012, o candidato Jorge de
Oliveira, o Zoinho, também ganhou o
carimbo de candidato da empresa. Em uma de suas últimas entrevistas, o bispo
emérito da cidade Dom Waldir Calheiros expressou bem o sentimento popular,
dizendo que a vitória de Zoinho significaria entregar a cidade para a CSN de
porteira fechada. Jorge de Oliveira também sentiu o peso do desgaste do “barão
do aço” junto à população.
Nestas eleições, nenhum
candidato a prefeito se apresenta como preferido da siderúrgica. Mas é inegável
que todos, uma hora ou outra, terão que apresentar ao povo que comportamento
terão caso sejam eleitos. Malgrado toda a política de precarização aplicada
pela empresa nestes últimos anos, é fato que ignorar sua importância é
irresponsabilidade.
Volta redonda já não é mais uma cidade operária, a maioria dos empregos estão no setor de serviços, mas este gira em torno da empregabilidade que a CSN oferece. Um administrador público lúcido jamais governaria em choque com a empresa, ao contrário, deve assumir a postura do diálogo. É claro, dialogar não significa se submeter as diretrizes do lucro empresarial, mas estabelecer pactos que atendam ao interesse coletivo.
Bem verdade que Benjamin não
faz parte do que arriscaríamos chamar de “burguesia nacionalista”. Pensa o
capitalismo em sua forma mais rudimentar, e maximaliza os lucros pela mais-valia
absoluta. Reverter a consciência deste tipo de burguês não é tarefa fácil. Por
isso, desde já é preciso que os candidatos deixem claro o quanto seus programas
de governo se comprometem com o desenvolvimento econômico sem sacrificar o
erário público.
Neste aspecto, é preciso estar
atento para que a construção do próximo governo combine disposição para o
diálogo e intransigência para proteger a cidade de danificações que a violência
do capital pode promover. Em linhas gerais, o eleitor vai precisar conhecer o
que cada candidato pensa em fazer para gerar empregos, tendo como norte
restabelecer relações diplomáticas com a CSN, ainda que diplomacia não ande combinando muito com as ideias arcaicas de seu presidente.
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