sábado, 13 de agosto de 2016

Golpista é quem pede “Fora Temer!”

Por Adelson Vidal Alves

A democracia é regida por um sistema legal fundado em um pacto construído pela sociedade via instituições. Desse modo, garante-se que vontades particulares não possam se impor sobre a vontade da maioria, e que a busca do consenso seja sempre mediada por mecanismos que preservem a paz, em oposição à força e o autoritarismo. 

Nos dias atuais, o Brasil vive uma polarização truculenta entre grupos que defendem e os que discordam do impeachment de Dilma. O segundo grupo, com um discurso sem muitos elementos no qual se amparar, classifica o processo de impedimento como “golpe”. Ignoram que todo o transcorrer do afastamento da presidente tenha respeitado rigorosamente a Constituição, com direito a ampla defesa, tendo o apoio vigilante de nossa Suprema Corte. Contrariado em suas vontades, eles resolveram furar a formalidade das leis e atropelar o espírito cívico com um bizarro “Fora Temer!”. Em tom de pirraça, a bravata que insinua a deposição do presidente constitucional é na verdade o verdadeiro golpismo, a quem dizem combater.

A questão é simples: sendo Dilma legalmente afastada por crime de responsabilidade, Temer é o herdeiro legal de seu cargo. Não se discute aqui a discordância de alguns e nem mesmo da maioria em relação a política de governo do presidente, pois a maioria temporária não pode sobrepor ao pacto constitucional. Michel Temer, até agora, não tem nada sobre si que o desabone legalmente para o cargo. Pode ser que apareça, mas por enquanto, é ele quem deve dirigir o país. Assim, fica claro que pedir um “Fora” de um governante legítimo e sem crimes é recorrer ao golpismo. 


Quem escreve esse artigo não está nem um pouco animado com o até agora pífio governo de Michel Temer. Mas sua saída e eventual construção de novo governo passa pelo calendário democrático, pelas eleições preferencialmente, e na pior    das hipóteses, quando ele tiver que responder a crimes contra nossa carta magna. Neste momento, não é isso que está ocorrendo, e sua permanência no poder é questão de honrar a institucionalidade democrática, e quem preza pela democracia, mesmo odiando a governança de Temer, deve lutar por sua manutenção constitucional no poder. Do contrário, seremos os verdadeiros golpistas. 

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