sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Todos contra Tereza

Por Adelson Vidal Alves



Acordei hoje com o email de um velho amigo voltarredondense, que agora mora em São Paulo. Estava indignado, não conseguia compreender como Volta Redonda ainda poderia dar chances a América Tereza virar prefeita. Ele viu os debates, leu o Plano de governo da candidata, conferiu alguns de seus panfletos. Incrédulo, me perguntou se ela teria chance de vencer. Pelos números, sim, respondi. E ele terminou com um desabafo do quanto a cidade do aço se tornou apática diante de um longo ciclo do poder.

Meu amigo está certo. Volta Redonda protagonizou uma das maiores e mais significativas greves da história do sindicalismo brasileiro, já teve movimentos populares ativos e uma igreja progressista. Hoje está desalenta, despolitizada, com os movimentos sociais cooptados pelo poder público. Neto lançou Tereza contra sua vontade, sabe das ambições dela, temia sua fragilidade e sua ligação com Edson Albertassi. Mas os poderosos sempre se entendem no fim, já dizia minha vó, e o Palácio 17 de Julho assumiu o acordo de baixar por aqui o que o PMDB representa, seguir no poder, lotear a prefeitura com cargos comissionados dos aliados e assim se perpetuar no cargo.

A chance das oposições, que se diferenciam quanto ao papel do legado da era Neto, é se unir em um “pacto informal”, isto é, agir na concentração em desconstruir a imagem falsa que Tereza construiu com o seu marketing milionário. Deveria haver um consenso em relação ao fato do quanto Volta Redonda pode retroceder caso o PMDB ganhe mais um mandato com Tereza, estaríamos entregando mais 4 anos de uma cidade congelada em sua vida política. Vença a oposição, em suas variadas formas, o município será outro, com novas relações de forças, reformulação no quadro de funcionamento do poder público, novas disputas, novos agentes políticos.

Os adversários de Tereza erraram ao dar trégua a ela no debate da Globo, perderam a chance de fazerem definitivamente o segundo turno sem o PMDB, em si um fato que representaria o fim do atual ciclo de poder. Faltou estratégia, foco, prioridade.

Há dois dias das eleições, ainda podemos unir forças por um novo quadro político em Volta Redonda, mas para isso é preciso centrar fogo no adversário comum: Tereza e tudo de mal que ela representa. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O futuro da África e o neo-racismo científico

Por Adelson Vidal Alves



A ideia de hierarquia racial é antiga. O grande filósofo grego Aristóteles já falava na superioridade da “raça helênica”, que seria dotada de espírito e inteligência diferenciados, o que a colocaria em patamar elevado na arte de governar. Entretanto, a ideia de racismo a partir da ciência teve origem somente com a publicação de Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, do aristocrata francês Arthur de Gobineau, na segunda metade do século XIX.  Gobineau defendia que a história da humanidade se construía a partir da dinâmica das raças, que seriam três: branca, negra e amarela. Apesar da roupagem científica, as teses do aristocrata combinavam com suas interpretações literais da bíblia, o que o fez afirmar que a raça branca teria origem em Adão, conforme estaria narrado nas escrituras.

Depois de Gobineau vieram outros “cientistas” que atestavam haver razões para classificarmos os seres humanos em raças hierárquicas. O resultado todos nós conhecemos. Surgiram movimentos racistas e governos de segregação racial, que teve seu ápice na Alemanha nazista, que em sua ideologia, sonhava eliminar  as “raças inferiores à família ariana”. Somente na década de 1970 que a genética praticamente deu sentença oficial quanto a não-existência de raças humanas, a partir de estudos do biólogo americano Richard Lewontin, da Universidade Harvard, mais tarde confirmadas e aperfeiçoadas por outras pesquisas de renomados pesquisadores.

Todavia, a polêmica das raças está longe de ter sido superada, não só pelo seu uso persistente em políticas públicas, mas até mesmo na área das ciências da natureza. Em 2oo7, o Nobel de medicina James Watson declarou ao jornal The Sunday Times " ser pessimista sobre a África porque as políticas ocidentais para os países africanos eram, erroneamente, baseadas na presunção de que os negros seriam tão inteligentes quanto os brancos quando, na verdade "testes" sugerem o contrário”. A declaração chocou a comunidade acadêmica, e Watson perdeu empregos e foi desconvidado de palestras que iria ministrar. O fato, aparentemente isolado, não foi o único a desafiar o consenso científico na questão das raças. Em recente livro, intitulado “Uma Herança Incômoda”, o jornalista britânico Nicholas Wade reaviva teses do racismo científico ao afirmar que a evolução humana produziu sim raças inferiores e superiores, que teriam sido formadas graças ao isolamento de “raças” em espaços geográficos diferentes, que através do ambiente, interferiria na formação genética racial. E mais, ainda segundo o autor, a diferença biológica de tais grupos explicaria comportamentos e o desenvolvimento de nações e continentes. A África seria, então, um continente fadado ao fracasso, graças ao perfil genético de seus habitantes, determinados a não terem bom convívio, diferente da Europa. Trata-se da sistematização teórica da fala de Watson.

A questão vai além do racismo, adentramos novamente no debate cultura versus biologia. Afinal, seríamos nós o que define a biologia ou seríamos produtos das influências culturais? Se optarmos pelo primeiro, poderíamos sim dizer que pessoas tenderiam a ser psicopatas por conta de sua composição genética, a natureza determinaria os gênios e os estúpidos. Óbvio que muito do nosso comportamento parte do DNA, mas desconsiderar por completo a influência do ambiente no individuo soa como um determinismo biológico sem fundamento.
A situação social da África não é fruto da ditadura genética, mas da história de exploração que o continente sofreu. O imperialismo do século XIX dividiu o continente entre os europeus, que saquearam suas riquezas e deixaram marcas cruéis de destruição que se estendem aos dias de hoje.

As políticas públicas em prol do continente africano fracassam não pela defasagem de inteligência dos negros, mas por que elas não vem acompanhadas de medidas verdadeiramente estruturais, como o perdão definitivo das dívidas dos países africanos para com as nações ricas. Sem falar nos problemas internos do continente, que acumula guerras civis e verdadeiros massacres étnicos.

A grande lição de todo esse debate é que o futuro da África não depende dos laboratórios, e nem de correção genética, mas de uma efetiva política global que restabeleça o equilíbrio social, cultural e econômico, afetado por anos de colonização branca.







segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Estranha reforma

Por Adelson Vidal Alves


Os números do IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica), divulgados no último dia 8 de Setembro, são desanimadores, sobretudo no Ensino Médio.  Eles apontam para uma estagnação na média nacional nos últimos 5 anos. A média do país ficou em 3,7, enquanto a meta era de 4,3. O governo agiu rápido, e anunciou um conjunto de medidas que estão sendo conhecidas como “reforma do ensino médio”.

O Ministro da Educação, Mendonça Filho, responsabilizou de imediato os conteúdos curriculares, que segundo ele, devem ser enxugados. Na reforma que o governo Temer prepara estão previstas profundas mudanças curriculares e pedagógicas. No primeiro ano o ensino seria comum, mas já no segundo as 13 disciplinas atuais seriam divididas em campos de estudo: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. O aluno passaria a escolher o seu campo de interesse, de acordo com suas pretensões universitárias. O jovem, por exemplo, que se interessar em fazer Engenharia pode escolher estudar matemática e descartar o campo das ciências humanas. Na prática, o estudante não será formado por inteiro, será reduzido a um treinamento de mercado.

Outro aspecto polêmico da reforma é o aumento da jornada escolar, que passará a ser integral, de 7 horas. Ora, os setores populares, na idade escolar do ensino médio, tem que dividir seu tempo entre trabalhar e estudar. Como poderão cumprir essa nova carga de estudos? O mais provável é que a evasão escolar aumente. As exigências da vida obrigarão o jovem pobre a abandonar os estudos e seguir trabalhando. Afinal, o MEC por acaso pagará suas contas?

O fracasso no ensino médio e da educação básica não é atestado apenas em um método de avaliação nacional como o IDEB. As universidades particulares recebem todos os dias alunos que mal conseguem formular um texto ou ler criticamente um jornal ou revista. Tal fracasso não é culpa apenas do conteúdo, ele vem da falta de estrutura nas escolas, da má remuneração que obriga professores a fazerem greves constantes, da falta de valorização dos profissionais que cumprem jornadas de trabalho que os impedem de elaborar aulas de melhor qualidade. Sobre esses aspectos a reforma do ensino médio não propõe nada.

A melhoria da educação passa sim por reformas, não por remendos apressados. O governo Temer sequer se deu ao trabalho de ouvir educadores, ao contrário, quer impor tais medidas por um decreto. Na pressa de tentar deixar um legado, Temer mais uma vez erra na mão, e seu autoritarismo pode levar para a educação um monstrengo pedagógico, que além de não resolver nossos problemas principais, pode dar passos atrás na nossa já difícil missão de educar para a cidadania.



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AMÉRICA TEREZA É O QUE TEMOS DE PIOR

Por Adelson Vidal Alves



América Tereza representa o que temos de pior na política de Volta Redonda. Ela é a velha política em pessoa. É a candidata do poder econômico, do desrespeito às leis eleitorais, da ineficiência administrativa. É a representante da continuidade do autoritarismo político do atual governo, da política de cooptação dos movimentos e lideranças da sociedade civil, das negociatas espúrias, dos acordos imorais, do clientelismo e do fisiologismo.

Caso eleita prefeita de Volta Redonda, seremos governados pelo PMDB do Rio. Aquele que quebrou o Rio de Janeiro, no Estado e no munícipio. Que massacra os trabalhadores, dá calote no décimo terceiro do funcionalismo, que tem dinheiro para olimpíadas, mas atrasa salário dos servidores. Bate em professores e desonera grandes empresários de suas obrigações fiscais.

É a candidata que confirma presença para conversar sobre suas propostas, mas que não honra seu compromisso, pois não tem o que falar. É a única candidata que se recusa assinar um compromisso que garante todos os prefeitáveis nos debates. Que se recusa a apresentar propostas para o funcionalismo público à imprensa da cidade.

Seu Plano de governo é genérico, não apresenta soluções, e reflete a falta de ideias do seu campo político. Os partidos que a apoiam são legendas de aluguel do atual prefeito, mesmo aquelas que nacionalmente respondam por alguma história a qual se deva respeito. Em geral, estão todas a serviço da perpetuação do poder. Sem exceção.


Nesta reta final eleitoral, Tereza e seu padrinho Edson Albertassi colocarão os cargos comissionados na rua, a máquina administrativa virá como rolo compressor. Cabos eleitorais pagos estarão com bandeiras e santinhos na mão,  o poder do dinheiro entrará com tudo. Como candidata da velha política, sem proposta e decência para vencer as eleições no debate, é o tipo de política que lhes resta fazer. A velha política que o povo brasileiro rejeitou nas ruas, e os voltarredondenses precisam rejeitar nas urnas. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Um "Fora, Temer" constitucional

Por Adelson Vidal Alves


Há um pensamento simplista de que todos que apoiaram o impeachment automaticamente apoiam o governo Temer, com tudo que ele representa em termos de política. Tal pensamento é reflexo de um debate público contaminado por maniqueísmos e polarizações. É possível ter dado apoio ao impedimento de Dilma e hoje se colocar contra a agenda do novo presidente, inclusive, militando por sua saída constitucional.  Explico.

O impeachment é um recurso da Constituição, que nos termos políticos não deixa margens para uma terceira via. No caso de Dilma, ou se apoiava a cassação da presidente ou se apoiava sua permanência. A decisão para tal passou por avaliações jurídicas e políticas. Pela lei, estavam claros os motivos para o afastamento, detalhados e julgados num processo abundante de provas de crime de responsabilidade. Em si, as pedaladas fiscais e as emissões de decretos ilegais eram suficientes para a saída de Dilma. Mas há o lado político. E aí, ficou claro que sob a direção do PT o Brasil seria ingovernável. Desta forma, a manutenção de Dilma seria a pior das opções.

Hoje, com o definitivo afastamento de Dilma, temos o restabelecimento da perfeita normalidade democrática. Temos um governo definitivo. Mas também sua permanência passa por questionamentos. Afinal, Temer, ainda que sem condenação, tem citações na Lava Jato, e foi parceiro de Dilma e do PT na quebradeira do país. A maioria da população o rejeita junto com Dilma, e em recente enquete no Senado, mais de 90% dos votantes demonstraram desejo por nova eleição.

Pela Constituição, nova eleição presidencial só com cassação no TSE ou por um improvável arranjo parlamentar que desemboque em um plebiscito. Seria o caminho ideal, não só por dar total legitimidade a um novo governo, como também por mobilizar o povo e pactuar a nação. Todavia, imaginar que o Congresso aprove uma PEC que permita novas eleições é algo que beira o impossível, e é por isso que os olhos mais esperançosos se dirigem ao TSE. Lá, se encontram provas fortes capazes de cassar a chapa Dilma/Temer, por uso de dinheiro de corrupção em suas campanhas. Só que, até aqui, as chances são pequenas. Para a maioria dos especialistas, julgamento só ano que vem, e como mais da metade do mandato já teria se passado, a eleição do novo mandatário da nação seria decidido de forma indireta.

Sobre as recentes manifestações, são importantes, para pressionar o novo governo. Governar com gente na rua é algo que faz diferença nos regimes democráticos. Mas os atos, mesmo que cresçam, não devem obter nenhum resultado substancial. Além de faltar gente, falta direção, uma pauta unificada para se orientar. O simples “Fora, Temer!” poderá incomodar, mas com o tempo será engolido pelo seu próprio cansaço. O caminho constitucional mais viável parece ser o julgamento das contas. O “Fora, Temer” constitucional deve ser gritado nos ouvidos dos ministros do TSE.


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Cultura: contribuição ao debate eleitoral

Por Adelson Vidal Alves


Nos últimos governos de Volta Redonda a cultura recebeu atenção subalterna. A Secretaria de Cultura foi ocupada por pessoas estranhas ao meio, resumindo-se a executoras de uma agenda comercial e pouco criativa. A classe artística da cidade chegou a intervir no debate dentro da sociedade, sobretudo, nas gestões de Moacir de Carvalho, o Moa, elevado a grande culpado da ausência de atenção governamental à cultura. Ainda que agindo com excessivo corporativismo, houve luta, e a pasta da cultura foi uma das poucas a serem modificadas pelo prefeito reeleito. A nova secretária teve a paz que seu antecessor não teve, ainda que mantendo o vazio das políticas públicas e até retrocedendo em alguns aspectos. O silencio dos artistas de Volta Redonda ainda hoje não tem explicação.

Nestas eleições, pobre no debate de projetos, a cultura vem recebendo razoável atenção. Os candidatos a prefeito e a vereador tem guardado espaço nas suas propostas para a cultura. Nenhuma delas aprofunda o papel de uma política pública de cultura, nos termos conceituais, falta qualidade. Mas a fala vem sendo no sentido de encorpar a dedicação ao setor cultural da cidade. Aqui, cabe a avaliação da orientação que cada candidato dará a cultura no seu plano de governo.

A política cultural deve ser norteada por três eixos básicos: 1- fomentação da prática cultural através do incentivo a espaços plurais de produção cultural 2- valorização do artista local, de modo a garantir sua livre criação 3- normatizar democraticamente o acesso dos artistas aos recursos públicos.

O primeiro eixo trata da construção e/ou manutenção de lugares que expressam a cultura em sua forma de diversidade. Investir em teatros, em centros culturais, cinemas populares, bibliotecas comunitárias, oficinas de arte etc. Não cabe ao poder público dirigir a política de cultura para um objetivo ideológico, ainda que seja impossível separar a cultura da construção do senso comum. Mas tais decisões se darão na dinâmica própria da produção artística, e cabe a prefeitura apenas garantir a espontânea expressão cultural que surge na diversidade espacial e social da cidade.

O segundo eixo visa dar sustentação material ao artista voltarredondense. Criando editais que coloquem o artista em contato com os recursos municipais, visando a viabilização do processo de construção da cultura, evitando que artistas e produtores culturais sejam obrigados a aderir à padronização inata da indústria cultural. Além de editais, os artistas locais podem ser valorizados no calendário cultural do município, sendo remunerados para tal.

Por fim, o terceiro eixo trata da construção das regras que irão regularizar o acesso dos artistas ao dinheiro público. Democratiza-se o acesso e ao mesmo tempo racionaliza o investimento, evitando o favorecimento de grupos e pessoas no acesso aos recursos públicos.

Não se deve responsabilizar a cultura em questões econômicas e sociais. Não se abre, por exemplo,  um curso de violão ou aulas de capoeira com vistas prioritárias a diminuir o uso de drogas por parte de jovens, e nem o desenvolvimento econômico deve nascer das atividades culturais, como prega a economia criativa. A cultura é a vivência das pessoas, é a dimensão simbólica produzida pelos povos, é a expressão das tradições e também a renovação das mentalidades. A política cultural deve-se ocupar disso, sem ter que, necessariamente, produzir resultados para outras esferas da responsabilidade governamental.





quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O vandalismo em nome da “resistência”

Por Adelson Vidal Alves



Durante o longo processo de impeachment, Dilma e o PT discursaram em nome da democracia e da Constituição, a mesma que o partido votou contra em 1988. Paradoxalmente, falavam em “resistir” nas ruas à possível decisão do Senado pelo impedimento definitivo da então presidente afastada. Falaram em tocar fogo no Brasil, em guerra, e até um “exército” foi mencionado pelo ex-presidente Lula. E não é que suas ameaças começaram a ser cumpridas?

Na noite desta terça-feira, 31, grupos mascarados fecharam avenidas em São Paulo, queimaram lixeiras, quebraram bancos, pontos de ônibus e estabelecimentos comerciais. Uma cafeteria foi atacada com clientes dentro. Nos seus gritos de ordem estavam o “Fora, Temer”, xingamentos ao presidente constitucional e hostilização à polícia.

Nas redes sociais, simpatizantes de Dilma comemoravam a baderna. O que estaria ocorrendo seria o “povo” se erguendo contra o “golpe”. Os mais delirantes chegaram a dizer em “violência revolucionária” e “desobediência civil”.

Mas na democracia, descumprir decisões institucionais não pode ser tratado como resistência (pensada como reação legítima a governos tiranos, o que não é o caso brasileiro atual), e quando chegado ao nível de violência, contra o patrimônio ou contra pessoas, é vandalismo, crime mesmo, e a polícia deve reagir. Sim, pois na ordem democrática, o braço coercivo do Estado deve agir contra distúrbios sociais que ameacem a ordem pública e inibam pessoas a viver 0s seus direitos civis. Hoje, pequenos comerciantes acordarão com seus comércios depredados, cidadãos sem pontos de ônibus, e a sujeira da bagunça estará em cada parte dos arredores da Av. Paulista.  Quem pagará a conta?

Fosse republicano, o PT seria o primeiro a convocar sua militância para a obediência constitucional. Aceitando o resultado de um julgamento que recebeu vigilância da suprema corte. Deveria se organizar nos espaços democráticos para atuar conforme as regras cívicas. No entanto, segue acirrando ânimos, falando em golpe, e provocando consciências para irem á desordem.

É fato que o PT já não tem tanta força nas ruas, e que as turbulências de seus protestos devem diminuir na medida em que o povo não os apoie e a opinião pública comece a condenar o uso de violência. Mas o grave é saber que o partido segue sendo pelo menos cúmplice com as teses que pregam reação violenta. São simpatizantes da estratégia que seguir rotulando o governo Temer de golpista pode tumultuar sua governança, atrasando as reformas que o país precisa pactuar pra sair da crise. Em resumo, os petistas e seus satélites vão apostar no “quanto pior melhor”. Com um país desestabilizado e quebrado, podem eles sonhar com sua volta triunfal aos braços do povo, e consequentemente, ao poder.