Por Adelson Vidal Alves
Dia 24 de Janeiro já é uma data
de referência para o calendário político de 2018. O ex-presidente Lula, líder nas
pesquisas de intenção de voto, será julgado em segunda instância por crime de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se condenado de forma unânime, ficará
inelegível.
O julgamento também ganhou
forma de espetáculo e ato político. O Movimento Brasil Livre (MBL), de caráter
anti-Lula, pretende transmitir o julgamento ao vivo na Avenida Paulista, um dos
lugares que mais abrigou manifestações contra o PT. Pelo lado do Partido dos
Trabalhadores, a ordem é organizar protestos em todo o país. Os que se propõem
a ir às ruas por Lula partem de uma verdade própria indiscutível: Lula é
inocente, e ponto final! De nada servem milhares de páginas processuais,
evidencias, indícios, provas e condenações em primeira instância, vale o fato
de que querem acreditar na inocência de Lula, e como em um ato de fé, isso
basta, dispensando os dados da realidade.
Mais que um ato político, o PT
e seus apêndices resolveram colocar no ambiente nacional um clima de terror. O
MST falou em “guerra”, o ex-ministro José Dirceu, condenado na Lava Jato,
chamou de “Dia da ira”. A estratégia petista consiste em duas frentes: 1)
Tentar intimidar os desembargadores e conseguirem pelo menos uma derrota por 2
a 1, o que daria sobrevida a candidatura de Lula 2) No caso de condenação
unânime, criar um “mártir vivo” da Justiça, discurso que mais tarde pode virar
voto para o candidato que o ex-presidente escolher.
O PT, que chegou ao poder e
dele usufruiu graças ao sufrágio universal republicano, hoje enfrenta a república,
tentando interferir pela força no andamento do Judiciário. Fossem os petistas
republicanos, caberia tão somente obedecer a decisão das instituições ou no máximo
recorrer a atos pacíficos. Mas o tom é de baderna, violência e desordem.
Fez bem o prefeito de Porto
Alegre em convocar as Forças Nacionais de Segurança. Ainda que tudo indique que
os atos serão bem restritos a militância do campo petista, ainda sim não se
pode subestimar o poder de destruição de mentes fanatizadas.
Lula não está diante de um
tribunal de exceção, simplesmente porque vivemos dias de democracia e bom
funcionamento institucional. Mas o PT desde os primórdios submeteu a democracia
a um adjetivo de classe, e neste caso, ela estaria funcionando em favor da
burguesia contra uma liderança popular, ainda que esta há muito tempo tenha
sido cooptada pelo o status quo. Tal narrativa esdruxula é capaz de incendiar mentes fanáticas, e assim, incentivar a violência. Um desserviço à democracia.