Por Adelson Vidal Alves
O termo populismo é controverso
no debate historiográfico e da ciência política. Em termos gerais, no entanto,
podemos trata-lo como um discurso de poder ou um regime político que se
caracteriza por um líder carismático e autoritário que fala direto ao “povo”,
dispensando intermediários institucionais, como os parlamentos modernos. Geralmente
carrega uma fala impactante, simples e popular, dirigida as massas em forma de
propaganda pessoal. Na América Latina, o “Continente do populismo”, podemos
citar vários governantes que representaram e representam essa prática política.
Juan Domingo Perón, na Argentina, de onde derivou o peronismo, Lázaro Cárdenas,
no México e Getulio Vargas no Brasil. Alguns especialistas falam em
“neo-populismo” no trato dos novos governos de esquerda e centro-esquerda da
América Latina, como Hugo Chavez na Venezuela, o Kirchnerismo na Argentina, Evo
Morales na Bolivia e Lula no Brasil.
Nas eleições brasileiras deste
ano, o populismo estará presente nas duas principais candidaturas presidenciais
até agora, a se julgar pelas pesquisas eleitorais: o já citado Luiz Inácio Lula
da Silva e o deputado Jair Bolsonaro.
Lula parte de um populismo
esquerdista, que tem em sua figura um líder popular, de origens operárias e que
fez pelos pobres o que ninguém fez. Em sua narrativa política trata seus
adversários como “inimigos do povo”, hoje também rotulados de “direita neoliberal”
e depois do impeachment de “golpistas”. Com uma fala direta e com grandes
efeitos nos setores populares, Lula consegue se desviar do fato de que há anos
não é mais parte da classe operária e de que seu governo fez muito mais para as
elites e o grande capital do que pelos pobres. Mas assim funciona a retórica
populista, a propaganda pessoal desenha um discurso fora da realidade.
No outro polo populista está
Jair Bolsonaro. De extrema-direita, o deputado não carrega o mesmo carisma de
Lula, e tampouco fala às massas com a mesma competência que o ex-presidente.
Mas sua figura virou um símbolo do que pensa grande parte da população
brasileira. Esta fração desiludida com os partidos tradicionais, com as
instituições democráticas e que carregam a esperança de um messias salvador,
que não faz negociatas, que incorpora em si todo um sistema de governo,
antidemocrático e violento, e que pode vencer, na força, na marra e com pulso
firme todas as mazelas sociais do país.
Todavia, essa polarização
depende de um fator que foge às rédeas da política. Lula será julgado em
segunda instância por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Condenado de forma unânime, estará inelegível. Caso isso aconteça, o outro polo
populista perderá força e discurso. Teremos uma eleição mais fracionada, e sem
os famosos “FlaxFlus” que caracterizaram as ultimas elições presidenciais, nos
aproximaríamos do que foi 1989. A condenação de Lula, neste aspecto, além de
justa, seria muito positiva.
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