segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O Julgamento de Lula

Por Adelson Vidal Alves



Dia 24 de Janeiro já é uma data de referência para o calendário político de 2018. O ex-presidente Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto, será julgado em segunda instância por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se condenado de forma unânime, ficará inelegível.

O julgamento também ganhou forma de espetáculo e ato político. O Movimento Brasil Livre (MBL), de caráter anti-Lula, pretende transmitir o julgamento ao vivo na Avenida Paulista, um dos lugares que mais abrigou manifestações contra o PT. Pelo lado do Partido dos Trabalhadores, a ordem é organizar protestos em todo o país. Os que se propõem a ir às ruas por Lula partem de uma verdade própria indiscutível: Lula é inocente, e ponto final! De nada servem milhares de páginas processuais, evidencias, indícios, provas e condenações em primeira instância, vale o fato de que querem acreditar na inocência de Lula, e como em um ato de fé, isso basta, dispensando os dados da realidade.

Mais que um ato político, o PT e seus apêndices resolveram colocar no ambiente nacional um clima de terror. O MST falou em “guerra”, o ex-ministro José Dirceu, condenado na Lava Jato, chamou de “Dia da ira”. A estratégia petista consiste em duas frentes: 1) Tentar intimidar os desembargadores e conseguirem pelo menos uma derrota por 2 a 1, o que daria sobrevida a candidatura de Lula 2) No caso de condenação unânime, criar um “mártir vivo” da Justiça, discurso que mais tarde pode virar voto para o candidato que o ex-presidente escolher.

O PT, que chegou ao poder e dele usufruiu graças ao sufrágio universal republicano, hoje enfrenta a república, tentando interferir pela força no andamento do Judiciário. Fossem os petistas republicanos, caberia tão somente obedecer  a decisão das instituições ou no máximo recorrer a atos pacíficos. Mas o tom é de baderna, violência e desordem.

Fez bem o prefeito de Porto Alegre em convocar as Forças Nacionais de Segurança. Ainda que tudo indique que os atos serão bem restritos a militância do campo petista, ainda sim não se pode subestimar o poder de destruição de mentes fanatizadas.

Lula não está diante de um tribunal de exceção, simplesmente porque vivemos dias de democracia e bom funcionamento institucional. Mas o PT desde os primórdios submeteu a democracia a um adjetivo de classe, e neste caso, ela estaria funcionando em favor da burguesia contra uma liderança popular, ainda que esta há muito tempo tenha sido cooptada pelo o status quo. Tal narrativa esdruxula é capaz de incendiar mentes fanáticas, e assim, incentivar a violência. Um desserviço à democracia.



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