Por Adelson Vidal Alves
Os números do IDEB (Índice de
desenvolvimento da Educação Básica), divulgados no último dia 8 de Setembro,
são desanimadores, sobretudo no Ensino Médio. Eles apontam para uma estagnação na média
nacional nos últimos 5 anos. A média do país ficou em 3,7, enquanto a meta era
de 4,3. O governo agiu rápido, e anunciou um conjunto de medidas que estão
sendo conhecidas como “reforma do ensino médio”.
O Ministro da Educação, Mendonça
Filho, responsabilizou de imediato os conteúdos curriculares, que segundo ele,
devem ser enxugados. Na reforma que o governo Temer prepara estão previstas profundas
mudanças curriculares e pedagógicas. No primeiro ano o ensino seria comum, mas já
no segundo as 13 disciplinas atuais seriam divididas em campos de estudo: linguagens,
matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. O aluno passaria a
escolher o seu campo de interesse, de acordo com suas pretensões
universitárias. O jovem, por exemplo, que se interessar em fazer Engenharia
pode escolher estudar matemática e descartar o campo das ciências humanas. Na
prática, o estudante não será formado por inteiro, será reduzido a um
treinamento de mercado.
Outro aspecto polêmico da reforma
é o aumento da jornada escolar, que passará a ser integral, de 7 horas. Ora, os
setores populares, na idade escolar do ensino médio, tem que dividir seu tempo
entre trabalhar e estudar. Como poderão cumprir essa nova carga de estudos? O
mais provável é que a evasão escolar aumente. As exigências da vida obrigarão o
jovem pobre a abandonar os estudos e seguir trabalhando. Afinal, o MEC por
acaso pagará suas contas?
O fracasso no ensino médio e da
educação básica não é atestado apenas em um método de avaliação nacional como o
IDEB. As universidades particulares recebem todos os dias alunos que mal
conseguem formular um texto ou ler criticamente um jornal ou revista. Tal
fracasso não é culpa apenas do conteúdo, ele vem da falta de estrutura nas escolas,
da má remuneração que obriga professores a fazerem greves constantes, da falta
de valorização dos profissionais que cumprem jornadas de trabalho que os impedem
de elaborar aulas de melhor qualidade. Sobre esses aspectos a reforma do ensino
médio não propõe nada.
A melhoria da educação passa
sim por reformas, não por remendos apressados. O governo Temer sequer se deu
ao trabalho de ouvir educadores, ao contrário, quer impor tais medidas por um
decreto. Na pressa de tentar deixar um legado, Temer mais uma vez erra na mão,
e seu autoritarismo pode levar para a educação um monstrengo pedagógico, que
além de não resolver nossos problemas principais, pode dar passos atrás na
nossa já difícil missão de educar para a cidadania.
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