quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O vandalismo em nome da “resistência”

Por Adelson Vidal Alves



Durante o longo processo de impeachment, Dilma e o PT discursaram em nome da democracia e da Constituição, a mesma que o partido votou contra em 1988. Paradoxalmente, falavam em “resistir” nas ruas à possível decisão do Senado pelo impedimento definitivo da então presidente afastada. Falaram em tocar fogo no Brasil, em guerra, e até um “exército” foi mencionado pelo ex-presidente Lula. E não é que suas ameaças começaram a ser cumpridas?

Na noite desta terça-feira, 31, grupos mascarados fecharam avenidas em São Paulo, queimaram lixeiras, quebraram bancos, pontos de ônibus e estabelecimentos comerciais. Uma cafeteria foi atacada com clientes dentro. Nos seus gritos de ordem estavam o “Fora, Temer”, xingamentos ao presidente constitucional e hostilização à polícia.

Nas redes sociais, simpatizantes de Dilma comemoravam a baderna. O que estaria ocorrendo seria o “povo” se erguendo contra o “golpe”. Os mais delirantes chegaram a dizer em “violência revolucionária” e “desobediência civil”.

Mas na democracia, descumprir decisões institucionais não pode ser tratado como resistência (pensada como reação legítima a governos tiranos, o que não é o caso brasileiro atual), e quando chegado ao nível de violência, contra o patrimônio ou contra pessoas, é vandalismo, crime mesmo, e a polícia deve reagir. Sim, pois na ordem democrática, o braço coercivo do Estado deve agir contra distúrbios sociais que ameacem a ordem pública e inibam pessoas a viver 0s seus direitos civis. Hoje, pequenos comerciantes acordarão com seus comércios depredados, cidadãos sem pontos de ônibus, e a sujeira da bagunça estará em cada parte dos arredores da Av. Paulista.  Quem pagará a conta?

Fosse republicano, o PT seria o primeiro a convocar sua militância para a obediência constitucional. Aceitando o resultado de um julgamento que recebeu vigilância da suprema corte. Deveria se organizar nos espaços democráticos para atuar conforme as regras cívicas. No entanto, segue acirrando ânimos, falando em golpe, e provocando consciências para irem á desordem.

É fato que o PT já não tem tanta força nas ruas, e que as turbulências de seus protestos devem diminuir na medida em que o povo não os apoie e a opinião pública comece a condenar o uso de violência. Mas o grave é saber que o partido segue sendo pelo menos cúmplice com as teses que pregam reação violenta. São simpatizantes da estratégia que seguir rotulando o governo Temer de golpista pode tumultuar sua governança, atrasando as reformas que o país precisa pactuar pra sair da crise. Em resumo, os petistas e seus satélites vão apostar no “quanto pior melhor”. Com um país desestabilizado e quebrado, podem eles sonhar com sua volta triunfal aos braços do povo, e consequentemente, ao poder. 

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