Por Adelson Vidal Alves
Durante o longo processo de impeachment,
Dilma e o PT discursaram em nome da democracia e da Constituição, a mesma que o
partido votou contra em 1988. Paradoxalmente, falavam em “resistir” nas ruas à possível
decisão do Senado pelo impedimento definitivo da então presidente afastada.
Falaram em tocar fogo no Brasil, em guerra, e até um “exército” foi mencionado
pelo ex-presidente Lula. E não é que suas ameaças começaram a ser cumpridas?
Na noite desta terça-feira, 31,
grupos mascarados fecharam avenidas em São Paulo, queimaram lixeiras, quebraram
bancos, pontos de ônibus e estabelecimentos comerciais. Uma cafeteria foi atacada
com clientes dentro. Nos seus gritos de ordem estavam o “Fora, Temer”,
xingamentos ao presidente constitucional e hostilização à polícia.
Nas redes sociais,
simpatizantes de Dilma comemoravam a baderna. O que estaria ocorrendo seria o “povo”
se erguendo contra o “golpe”. Os mais delirantes chegaram a dizer em “violência
revolucionária” e “desobediência civil”.
Mas na democracia, descumprir
decisões institucionais não pode ser tratado como resistência (pensada como
reação legítima a governos tiranos, o que não é o caso brasileiro atual), e
quando chegado ao nível de violência, contra o patrimônio ou contra pessoas, é
vandalismo, crime mesmo, e a polícia deve reagir. Sim, pois na ordem
democrática, o braço coercivo do Estado deve agir contra distúrbios sociais que
ameacem a ordem pública e inibam pessoas a viver 0s seus direitos civis. Hoje,
pequenos comerciantes acordarão com seus comércios depredados, cidadãos sem
pontos de ônibus, e a sujeira da bagunça estará em cada parte dos arredores da Av.
Paulista. Quem pagará a conta?
Fosse republicano, o PT seria o
primeiro a convocar sua militância para a obediência constitucional. Aceitando
o resultado de um julgamento que recebeu vigilância da suprema corte. Deveria
se organizar nos espaços democráticos para atuar conforme as regras cívicas. No
entanto, segue acirrando ânimos, falando em golpe, e provocando consciências
para irem á desordem.
É fato que o PT já não tem
tanta força nas ruas, e que as turbulências de seus protestos devem diminuir na
medida em que o povo não os apoie e a opinião pública comece a condenar o uso
de violência. Mas o grave é saber que o partido segue sendo pelo menos cúmplice
com as teses que pregam reação violenta. São simpatizantes da estratégia que
seguir rotulando o governo Temer de golpista pode tumultuar sua governança,
atrasando as reformas que o país precisa pactuar pra sair da crise. Em resumo,
os petistas e seus satélites vão apostar no “quanto pior melhor”. Com um país
desestabilizado e quebrado, podem eles sonhar com sua volta triunfal aos braços
do povo, e consequentemente, ao poder.
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