Por Adelson Vidal Alves
Não sejamos exagerados em
desqualificar o feminismo em suas conquistas para as mulheres, também não
transformemos a luta feminina contra o machismo em ideologia, a ponto desta se assumir
como portadora de uma força
revolucionária da sociedade. Sim, por que o feminismo em sua forma mais
autoritária não pensa apenas em libertar as mulheres do jugo histórico da
opressão machista, mas sim virar o jogo e tomar o poder pelo gênero, marcando
posição de luta contra o macho.
Neste feminismo alguns
elementos bizarros de discurso se fazem necessários. Não se pensa o mundo atual
como aquele em que o machismo se faz presente, porém, com a sociedade em processo
de democratização e com conquistas progressivas para as mulheres. Antes,
narra-se um inferno machista, como se movêssemos diariamente em um cotidiano de
estupros.
Essas feministas fecham os olhos para leis como a Maria da Penha, as
DEAMs, o ingresso cada vez mais intenso de mulheres em mercados de trabalho, antes exclusivos aos homens, todas conquistas da política democrática, onde
homens também estão na linha de frente.
Mas o feminismo autoritário
precisa de sangue nos olhos, nada de conciliar com homens, estes são sempre “estupradores
em potencial”, devoradores de fêmeas indefesas. A mulher deve, então, se
comportar com cuidado frente qualquer aproximação de conquista, afinal, a
figura masculina é ameaça, no máximo ele quer te comer e sair pelos cantos
exibindo seu troféu.
Veja bem, até mesmo no sexo o
feminismo autoritário quer intervir. Mulher ficar de quatro se torna expressão
da falocracia (etimologicamente, poder de quem tem pênis). Não mais uma posição
sexual prazerosa a alguns parceiros sexuais, mas evidência histórica da
submissão ao homem que subjuga a mulher.
Tragédias também viram
inspiração na ideologia do feminismo autoritário. O caso recente e bárbaro de
estupro coletivo no Rio de Janeiro, forneceu a bandeira da “cultura do estupro”.
Tal termo sugere que no Brasil há um conjunto articulado de ideias e
comportamentos que fabricam silenciosamente o estuprador. Este, de certa forma,
deixa de ser a aberração criminosa para ser fruto social, deixa de ser a
monstruosidade psiquiátrica e criminosa para ter uma gênese. É preciso que se
esclareça que uma cultura machista não necessariamente fabrica estupradores.
Violentar sexualmente uma mulher não pode ser igualado a quem considere o feminino
figura exclusiva do lar, por exemplo.
Nos tempos pós-modernos, me
parece claro a elevação de movimentos que espelham a fragmentação do sujeito
social. E o feminismo, neste aspecto, é apenas mais uma peça deste modismo que
derrota o todo para fortalecer identidades que vivem e se fortalecem entre
muros intransponíveis. O drama é pior quando estes fragmentos assumem-se como
porta voz do todo, formando seu DNA autoritário.
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