quinta-feira, 12 de maio de 2016

A democracia venceu

Por Adelson Vidal Alves



Em Abril de 1964, o então presidente da República João Goulart rumava a Porto Alegre para de lá ir até seu exílio no Uruguai. Ele foi vítima de um golpe militar, e temendo uma guerra civil, optou por não resistir. Dilma deixou hoje a presidência provisoriamente, por conta de um impeachment, feito conforme o rito estabelecido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) com direito a ampla defesa. Ela sai pela porta da frente, faz um discurso em TV aberta acusando um suposto golpe, e segue com segurança até o Palácio da Alvorada, residência oficial, onde terá seus direitos de cidadã e presidente garantidos, inclusive o salário.

Mas há quem diga, a despeito dos fatos, que Dilma sofreu um golpe. A própria presidente se pronunciou por várias vezes nesse tom, provocando a militância e os movimentos sociais a reagirem como tal. Dilma, ainda, ameaçou ir ao exterior denunciar o tal golpe, mesmo que isso custe a imagem do seu próprio país internacionalmente.

Só que, apesar de todas as sabotagens sórdidas do PT e seus aliados, nossa democracia resistiu, e resistiu com grandeza, enfrentando manobras palacianas, como a tentativa de nomeação de Lula a Casa civil, os tantos recursos no STF e, principalmente, a canetada de um estranho Waldir Maranhão, que tentou anular de forma monocrática o processo de impedimento na Câmara dos deputados.

Não cabe aqui fazer prognósticos de um novo governo Temer, isso só será possível com o tempo. O que se pode fazer agora é atestar a robustez institucional do Brasil, que venceu todas as batalhas contra as retóricas cínicas de desqualificação da nossa ordem politica e jurídica, e tranquilizar os brasileiros que nossa jovem democracia criou corpo para sobreviver bem a duas destituições presidenciais sem que haja qualquer retrocesso autoritário.

Os movimentos sociais que pensam em “botar fogo no Brasil” conforme um de sues líderes afirmou, terá pela frente a força legal e coerciva do Estado, já pronta para garantir a transição pacífica de governos. Isto é, não há brechas capazes de facilitarem a desordem institucional e nos retrocederem a alguma instabilidade política fora da normalidade democrática.

Os que deixam o governo, como testemunhas do fim de uma era, podem prestar bom serviço a ordem democrática caso se comportem com aceitação cívica, indo para os espaços políticos e atuando conforme as regras civilizadas. Caso tomem a opção de incentivar rivalidades violentas, sairão desmascarados como aqueles que usaram a democracia para fins de poder, sem jamais terem dado a ela o devido apreço que se espera de homens e mulheres da república ou os que a ela devotam respeito.
                                       

            

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