Por Adelson Vidal Alves
Em Abril de 1964, o então presidente da
República João Goulart rumava a Porto Alegre para de lá ir até seu exílio no
Uruguai. Ele foi vítima de um golpe militar, e temendo uma guerra civil, optou
por não resistir. Dilma deixou hoje a presidência provisoriamente,
por conta de um impeachment, feito conforme o rito estabelecido pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) com direito a ampla defesa. Ela sai pela porta da
frente, faz um discurso em TV aberta acusando um suposto golpe, e segue com
segurança até o Palácio da Alvorada, residência oficial, onde terá seus
direitos de cidadã e presidente garantidos, inclusive o salário.
Mas há quem diga, a despeito dos fatos,
que Dilma sofreu um golpe. A própria presidente se pronunciou por várias vezes
nesse tom, provocando a militância e os movimentos sociais a reagirem como tal.
Dilma, ainda, ameaçou ir ao exterior denunciar o tal golpe, mesmo que isso custe
a imagem do seu próprio país internacionalmente.
Só que, apesar de todas as sabotagens
sórdidas do PT e seus aliados, nossa democracia resistiu, e resistiu com
grandeza, enfrentando manobras palacianas, como a tentativa de nomeação de Lula
a Casa civil, os tantos recursos no STF e, principalmente, a canetada de um
estranho Waldir Maranhão, que tentou anular de forma monocrática o processo de
impedimento na Câmara dos deputados.
Não cabe aqui fazer prognósticos de um
novo governo Temer, isso só será possível com o tempo. O que se pode fazer
agora é atestar a robustez institucional do Brasil, que venceu todas as
batalhas contra as retóricas cínicas de desqualificação da nossa ordem politica
e jurídica, e tranquilizar os brasileiros que nossa jovem democracia criou
corpo para sobreviver bem a duas destituições presidenciais sem que haja
qualquer retrocesso autoritário.
Os movimentos sociais que pensam em “botar
fogo no Brasil” conforme um de sues líderes afirmou, terá pela frente a força
legal e coerciva do Estado, já pronta para garantir a transição pacífica de
governos. Isto é, não há brechas capazes de facilitarem a desordem
institucional e nos retrocederem a alguma instabilidade política fora da
normalidade democrática.
Os que deixam o governo, como
testemunhas do fim de uma era, podem prestar bom serviço a ordem democrática
caso se comportem com aceitação cívica, indo para os espaços políticos e
atuando conforme as regras civilizadas. Caso tomem a opção de incentivar
rivalidades violentas, sairão desmascarados como aqueles que usaram a
democracia para fins de poder, sem jamais terem dado a ela o devido apreço
que se espera de homens e mulheres da república ou os que a ela devotam
respeito.
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