domingo, 6 de novembro de 2016

Ou governa ou cai

Por Adelson Vidal Alves



Em 1 de Janeiro de 2017 Volta Redonda dará posse a seu novo prefeito, o jovem Samuca Silva. Eufóricos e atônitos serão sua plateia. Os primeiros com uma crença convicta na pureza moral do novo gestor, os segundos incrédulos com o inexplicável voo no escuro. O fato, porém, é que ele é um prefeito legítimo, eleito pela vontade popular.

Mas a política é uma arte que nos permite fazer prognósticos. Não é ciência exata, mas se move por experiências históricas a serem aprendidas. Uma delas é que a democracia é um sistema político de labirintos generosos e desafiadores, ou a defira ou ela te devora. Samuca vai ter que aprender isso.

O inicio, sem ter sido de fato um inicio, mostra graves dilemas de bastidores. Nenhum governante triunfou de costas para o parlamento, e os primeiros sinais do novo Executivo que virá é muito mais para um confronto de poderes de Estado do que uma reconciliação municipal. Os vereadores, eleitos e derrotados, não olham com bons olhos o tom bonapartista e populista de Samuca. Um gesto nobre do mandatário maior eleito seria o de um convite público a governabilidade, entendendo que isso passa pela composição de um governo de coalizão. Claro, não falo de negociatas espúrias, mas de política mesmo.

Ou governa ou cai: é o recado da história aos governantes que ousam enfrentar as instituições. Estão ai os casos de Collor e Dilma. Além do perfil autoritário dos dois, falaram contra eles a crise econômica e o crime de responsabilidade. O primeiro elemento já está presente, o segundo é sempre uma possibilidade. Imaginem um inexperiente governante sem apoio parlamentar, em plena crise fiscal?  Um crime contra o orçamento seria algo a rondar as planilhas de governo. Caso caia em uma armadilha ao molde “jeitinho brasileiro”, o fato jurídico para um impeachment estaria colocado. Sem base no parlamento, sofreria impedimento.


Sem afobações, esperaremos com o “otimismo da vontade” que tudo dê certo, contudo, a conclusão do mandato de prefeito não depende apenas das urnas, depende do caminho governamental a ser escolhido. Saber se relacionar com os órgãos democráticos é uma exigência, se Samuca não cumprir bem este papel, cai antes de terminar seu 4 anos. 

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