segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Samuca e a velha política

Por Adelson Vidal Alves




Infidelidade partidária: Samuca trai o PV e ingressa no indecifrável Podemos, manobras da Velha política



É comum nos dias de hoje a distinção entre “velha política” e “nova política”. A primeira representa a prática desgastada de se fazer política, é o fisiologismo, o clientelismo, o patrimonialismo, a infidelidade partidária, a prática de cooptação. O uso abusivo do poder econômico e do marketing, o loteamento do Estado, o autoritarismo, projetos de perpetuação do poder, negociações espúrias que fazem da política balcão de negócios, relações imorais entre os poderes e a corrupção. A nova política, por sua vez, seria a inovação do fazer político. É a transparência radical no exercício do poder público, a democratização da vida social, política, cultural e econômica; o compromisso com a totalidade social, especialmente com os grupos socialmente mais vulneráveis. É a governança em cima de programas, a construção de alianças fundamentadas em critérios programáticos, o compromisso com o meio ambiente e a utilização das tecnologias como forma de horizontalização participativa do poder.

Parte do que chamamos de nova política é tão somente o bom exercício da política. Mas a degeneração desta, fez com que o “novo” virasse o discurso de renascimento da política ética abandonada pela classe política.

O discurso do “novo”, assim, virou peça de marketing nas campanhas eleitorais. Na cidade de Volta Redonda, no pleito de 2016, tal discurso ficou com o até então despretensioso candidato a prefeito, Samuca Silva, que como um meteoro viu sua candidatura ser vitoriosa sem necessidade de sequer apresentar propostas. Diante da desilusão popular, bastou discursar contra a velha política e seus supostos representantes, demonizar a política e exaltar a “gestão”, para que uma multidão de desiludidos virassem votos e colaboradores de uma candidatura que prometia salvar a cidade do aço da “velha política”.

No entanto, com a mesma rapidez que saiu do anonimato para o Palácio 17 de Julho, Samuca Silva despencou na credibilidade entre seus eleitores. Nas redes sociais, termômetro moderno da atuação de políticos, o então “jovem gestor” transformou-se em símbolo de bizarrice, amadorismo e ineficiência. São raros os que hoje colocam a cara para defende-lo. No geral, um ar de vergonha e decepção daqueles que apostaram no atual prefeito.

A decepção do povo voltarredondense faz todo sentido. A velha política que Samuca prometeu combater permanece viva. Em um ato arcaico de poder, o prefeito comprou quase todos os vereadores da cidade, serviu aos empresários o banquete do poder e colocou a população pobre para pagar o alto custo do transporte público, aumentando o preço da passagem dos ônibus. Em pouco mais de seis meses de governo abandonou o Partido Verde para ingressar no Podemos, mais um daqueles partido que muda de nome para não mudar nada, apenas jogada política. Como o partido é “novo”, Samuca pode trair o PV sem correr o risco de perder o mandato. Quer coisa mais “velha política” que isso?

Não bastasse, ele começa a se articular para criar seu grupo político. Pretende lançar candidatos a deputados, apoiar senadores e governadores, tudo para multiplicar seu tempo na cadeira do Executivo de Volta Redonda.

O que ele não entende, contudo, é que ambição somente não basta. Seu amadorismo de governo, aliado a ineficiência administrativa, vem minando sua popularidade, o que provavelmente o levará a uma derrota acachapante nas eleições de 2018. Será o primeiro grande sinal para que ele entenda que não se pode trair uma cidade inteira  e sair impune. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário