Por Adelson Vidal Alves
Infidelidade partidária: Samuca trai o PV e ingressa no indecifrável Podemos, manobras da Velha política
É comum nos dias de hoje a distinção entre “velha política” e “nova política”. A primeira representa a prática desgastada de se fazer política, é o fisiologismo, o clientelismo, o patrimonialismo, a infidelidade partidária, a prática de cooptação. O uso abusivo do poder econômico e do marketing, o loteamento do Estado, o autoritarismo, projetos de perpetuação do poder, negociações espúrias que fazem da política balcão de negócios, relações imorais entre os poderes e a corrupção. A nova política, por sua vez, seria a inovação do fazer político. É a transparência radical no exercício do poder público, a democratização da vida social, política, cultural e econômica; o compromisso com a totalidade social, especialmente com os grupos socialmente mais vulneráveis. É a governança em cima de programas, a construção de alianças fundamentadas em critérios programáticos, o compromisso com o meio ambiente e a utilização das tecnologias como forma de horizontalização participativa do poder.
Parte do que chamamos de nova
política é tão somente o bom exercício da política. Mas a degeneração desta, fez
com que o “novo” virasse o discurso de renascimento da política ética abandonada
pela classe política.
O discurso do “novo”, assim,
virou peça de marketing nas campanhas eleitorais. Na cidade de Volta Redonda, no
pleito de 2016, tal discurso ficou com o até então despretensioso candidato a
prefeito, Samuca Silva, que como um meteoro viu sua candidatura ser vitoriosa
sem necessidade de sequer apresentar propostas. Diante da desilusão popular,
bastou discursar contra a velha política e seus supostos representantes,
demonizar a política e exaltar a “gestão”, para que uma multidão de desiludidos
virassem votos e colaboradores de uma candidatura que prometia salvar a cidade
do aço da “velha política”.
No entanto, com a mesma rapidez
que saiu do anonimato para o Palácio 17 de Julho, Samuca Silva despencou na credibilidade
entre seus eleitores. Nas redes sociais, termômetro moderno da atuação de
políticos, o então “jovem gestor” transformou-se em símbolo de bizarrice,
amadorismo e ineficiência. São raros os que hoje colocam a cara para defende-lo.
No geral, um ar de vergonha e decepção daqueles que apostaram no atual
prefeito.
A decepção do povo
voltarredondense faz todo sentido. A velha política que Samuca prometeu
combater permanece viva. Em um ato arcaico de poder, o prefeito comprou quase
todos os vereadores da cidade, serviu aos empresários o banquete do poder e
colocou a população pobre para pagar o alto custo do transporte público,
aumentando o preço da passagem dos ônibus. Em pouco mais de seis meses de governo abandonou
o Partido Verde para ingressar no Podemos, mais um daqueles partido que muda de
nome para não mudar nada, apenas jogada política. Como o partido é “novo”,
Samuca pode trair o PV sem correr o risco de perder o mandato. Quer coisa mais “velha
política” que isso?
Não bastasse, ele começa a se
articular para criar seu grupo político. Pretende lançar candidatos a
deputados, apoiar senadores e governadores, tudo para multiplicar seu tempo na
cadeira do Executivo de Volta Redonda.
O que ele não entende, contudo,
é que ambição somente não basta. Seu amadorismo de governo, aliado a
ineficiência administrativa, vem minando sua popularidade, o que provavelmente
o levará a uma derrota acachapante nas eleições de 2018. Será o primeiro grande
sinal para que ele entenda que não se pode trair uma cidade inteira e sair impune.
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