sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Golpismo chavista contamina a esquerda brasileira

Por Adelson Vidal Alves



A Venezuela vive uma crise grave em sua frágil democracia. O governo de Nicolas Maduro pretende reescrever a Constituição do país para beneficiar a si próprio. Para isso, se vale das ações mais truculentas possíveis, que já gerou dezenas de mortes e prisões de opositores. O dinheiro público dos venezuelanos está sendo utilizado para montar grupos paramilitares e milícias de bairros que aterrorizam o povo e intimidam opositores.

Além isso, nosso vizinho sul-americano pena uma das crises econômicas mais sérias da sua história. Faltam empregos, a inflação é estratosférica, bens básicos desapareceram dos supermercados, a violência impera nas ruas do país. Ideologizando a crise que ele próprio causou, Maduro inventa narrativas fantasiosas, como a de que a culpa da situação econômica do país seria a burguesia, que estaria sumindo com alimentos das prateleiras dos supermercados. Tal discurso é esdrúxulo, ridículo e infantil, mas chega a ser exportado para os pares do chavismo em todo o continente, incluindo o Brasil.

Foi assim que partidos de esquerda como PCdoB, PT e PSOL deixaram de lado escrúpulos mínimos para, sem qualquer sinal de vergonha, declarar apoio às manobras autoritárias de Maduro. Os argumentos beiram a total insanidade. Dizem eles que o presidente venezuelano está defendendo conquistas sociais do povo contra o imperialismo norte-americano e a direita fascista. Tudo se resumiria a luta de classes, o governo do povo contra as oligarquias parasitarias e gananciosas.

O que está em questão, no entanto, não é qual lado está certo, mas a permanência da normalidade democrática.  A direita, o fascismo e as oligarquias devem ser combatidos nos termos democráticos, dentro da normalidade institucional, e não com um golpe descarado.

Neste aspecto, as posições tomadas pelos partidos de esquerda no Brasil revelam muito sobre eles, que aceitam rupturas autoritárias desde que atendam suas opções ideológicas e lhes sirva como algum ponto de apoio ao “socialismo do século XXI”.


Comunistas, petistas e psolistas ingressaram nesta infame posição de defender um assassino inescrupuloso, jogando de lado seus compromissos com a ordem democrática, tudo para sustentar uma rede imaginária de revolucionários, estes que no fundo são apenas títeres de poderes autoritários que beneficiam pequenas minorias de burocratas egoístas e cruéis. 

Um comentário:

  1. Você acha que se Maduro cair haverá alguma democracia na Venezuela? Vai acontecer como na Ucrânia onde grupos neonazistas perseguem a oposição e exterminam minorias. Mas lá você deve acha que é democracia. Você com certeza deve ser de alguma corrente morenista pró-EUA.

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