quarta-feira, 5 de julho de 2017

Samuca mudou sua equipe, mas o que precisa mesmo é mudar os rumos do seu governo

Por Adelson Vidal Alves



Depois de sucessivas quedas de secretários e cargos do primeiro escalão, o prefeito Samuca resolveu mexer no todo do seu governo. Nomes foram remanejados, caras novas chegaram, novos acordos e alianças foram construídos de olho na governabilidade. É o prefeito, enfim, se curvando a política da realidade, tentando fugir da Ilha das fantasias em que morou até agora.

A sinalização é boa e cria expectativas de mudanças. Mas o que tem que ser mudado, de fato, são os rumos da administração. Se os novos nomes e as novas composições de governo não se reorientarem, tudo permanecerá como antes. O prefeito, que cada vez mais fica refém da disputa interna de sua base, composta de empresários, vereadores e algumas lideranças, precisa tomar o timão de volta, apontar um projeto e organizar seu “grupo” em torno de um projeto, antes que o cabo de guerra infrutífero comece.

A reforma administrativa, grande incógnita que pode mostrar alguma nova direção administrativa, foi celebrada como o símbolo da austeridade, mas tem brechas claras que podem promover o inchaço ainda maior do Estado, em geral, ela não amarrou a gestão dos recursos públicos a uma exigente redução dos custos, apontou economias, mas também gratificações fora de época, fusões estranhas de secretarias e a possibilidade de criar outras, sem falar na invenção de cargos de subsecretários por todo o lado.

Além disso, é preciso que a população sinta o retorno do governo, e isso significa geração de empregos, ampliação da rede de proteção social, melhoria nos serviços e na renda dos cidadãos voltarredondenses.

Aqui, Samuca vai precisar estabelecer um projeto de cidade, fundado em uma política de ajuste fiscal que amenize os custos do poder público, uma política fiscal que cobre dos grupos mais favorecidos, e a extensão das ações de governo em direção as periferias e áreas prioritárias como saúde, educação e emprego.

Os resultados virão a médio e longo prazo, mas é preciso arrumar a casa desde já, deixar de lado a desastrosa política de comunicação que tanto feriu imagem do prefeito, estabelecer uma governança de coalizão, mas dentro de um rumo a ser seguido, no qual os que se recusarem a aceita-la devem deixar o governo. O projeto de cidade que aqui falo deve ser construído levando em consideração a pluralidade do arco de alianças montado pelo governo, mas feito o pacto, é preciso que todos falem a mesma língua.

Convencido de que governar nas redes sociais e culpando o ex-prefeito é algo inútil, e que para uma administração andar os atores políticos, coletivos e individuais, devem pelo menos ser ouvidos, Samuca tem campo livre para enfim iniciar sua “gestão”. Caso suas mudanças não sejam capazes de redirecionar seu governo, por conta da manutenção de uma teimosia de gerência, ai então será o caso de contar os dias até o fim de seu primeiro e único mandato.



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