Por Adelson Vidal Alves
Depois de sucessivas quedas de
secretários e cargos do primeiro escalão, o prefeito Samuca resolveu mexer no
todo do seu governo. Nomes foram remanejados, caras novas chegaram, novos acordos
e alianças foram construídos de olho na governabilidade. É o prefeito, enfim,
se curvando a política da realidade, tentando fugir da Ilha das fantasias em
que morou até agora.
A sinalização é boa e cria
expectativas de mudanças. Mas o que tem que ser mudado, de fato, são os rumos da
administração. Se os novos nomes e as novas composições de governo não se
reorientarem, tudo permanecerá como antes. O prefeito, que cada vez mais fica
refém da disputa interna de sua base, composta de empresários, vereadores e
algumas lideranças, precisa tomar o timão de volta, apontar um projeto e
organizar seu “grupo” em torno de um projeto, antes que o cabo de guerra
infrutífero comece.
A reforma administrativa,
grande incógnita que pode mostrar alguma nova direção administrativa, foi
celebrada como o símbolo da austeridade, mas tem brechas claras que podem
promover o inchaço ainda maior do Estado, em geral, ela não amarrou a gestão
dos recursos públicos a uma exigente redução dos custos, apontou economias, mas
também gratificações fora de época, fusões estranhas de secretarias e a
possibilidade de criar outras, sem falar na invenção de cargos de
subsecretários por todo o lado.
Além disso, é preciso que a
população sinta o retorno do governo, e isso significa geração de empregos,
ampliação da rede de proteção social, melhoria nos serviços e na renda dos
cidadãos voltarredondenses.
Aqui, Samuca vai precisar
estabelecer um projeto de cidade, fundado em uma política de ajuste fiscal que
amenize os custos do poder público, uma política fiscal que cobre dos grupos
mais favorecidos, e a extensão das ações de governo em direção as periferias e
áreas prioritárias como saúde, educação e emprego.
Os resultados virão a médio e
longo prazo, mas é preciso arrumar a casa desde já, deixar de lado a desastrosa
política de comunicação que tanto feriu imagem do prefeito, estabelecer uma
governança de coalizão, mas dentro de um rumo a ser seguido, no qual os que se
recusarem a aceita-la devem deixar o governo. O projeto de cidade que aqui falo
deve ser construído levando em consideração a pluralidade do arco de alianças montado pelo governo, mas feito o pacto, é preciso que todos falem a mesma língua.
Convencido de que governar nas
redes sociais e culpando o ex-prefeito é algo inútil, e que para uma
administração andar os atores políticos, coletivos e individuais, devem pelo
menos ser ouvidos, Samuca tem campo livre para enfim iniciar sua “gestão”. Caso
suas mudanças não sejam capazes de redirecionar seu governo, por conta da
manutenção de uma teimosia de gerência, ai então será o caso de contar os dias
até o fim de seu primeiro e único mandato.
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