Por Adelson Vidal Alves
A Reforma trabalhista talvez não
devesse ter sido votada agora. O momento é de crise política, o Congresso vive questionamento
moral, ela não tem consenso na sociedade e o Presidente da República é
ilegítimo. No entanto, é incontestável o fato que precisávamos reformar nossa
legislação trabalhista.
A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas)
foi criada em 1943, na ditadura do Estado Novo e influenciada pela Carta del Lavoro do fascismo italiano. Os tempos eram outros, não só
por estarmos vivendo em um regime autoritário, mas também por que a economia
girava em torno de outros padrões. O Estado era tratado como provedor da
felicidade individual, responsável exclusivo pela resolução dos problemas e
conflitos sociais. De lá pra cá, passamos por revoluções tecnológicas, mutações
profundas no mundo do trabalho e deixamos o modelo de produção fundado em
trabalhadores especializados trabalhando em grandes unidades produtivas. A
produção foi diversificada, o trabalhador tornou-se multifuncional e o mundo
definitivamente assumiu os rumos irreversíveis da globalização.
Pouco mais de 70 anos depois, a
realidade cobra eficiência, menos regulação do Estado, dinamismo,
competitividade e relações de trabalho mais modernas. Se a Reforma trabalhista
de Temer por um lado promove mudanças que soam retrocesso, como a prevalência
do negociado sobre o legislado, por outro, abre-se oportunidade de
amadurecimento das lutas trabalhistas, favorece o trabalhador informal e aponta
para formação de novos postos de trabalho. Os direitos constitucionais foram
mantidos, as principais conquistas dos trabalhadores não poderão ser mexidas. Sem
falar que o fim do Imposto sindical é um golpe fatal no sindicalismo pelego.
Sindicato que quiser manter-se de pé terá que ir às bases. Trata-se de uma
derrota para os burocratas de gabinete.
Reformas como a trabalhista e
da Previdência são necessárias. Os números do desemprego são alarmantes,
passamos de 6 milhões de desempregados em 2014 para 14 milhões. Isso porque os
empregos gerados vinham dos bons ventos da economia internacional, os postos de
trabalho que foram criados estavam condicionados à manutenção dos níveis de crescimento
em que o mundo girava. Como a crise econômica chegou, desapareceram milhões de empregos.
A atual situação de desemprego
poderia ser diferente, isso se o PT tivesse deixado de lado seus dogmas
estatistas e nacional-desenvolvimentistas e operado reformas estruturais
modernizantes. Teríamos um mundo do trabalho mais dinâmico e moderno. Mas a
opção petista foi manter um Estado inchado, exageradamente interventor,
paternalista e pesado. O fracasso dos “Campeões nacionais” representa esse grande
erro de rumo.
Debaixo de desconfiança da
sociedade as reformas estão encaminhando. Elas ganharam vida própria, não dependem
de qual governo temos. Mesmo que os tempos sejam de incertezas, as mudanças, nem
sempre fáceis, precisam acontecer. Dentro dos parâmetros democráticos elas são
bem vindas, um Brasil moderno depende disso.
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