quarta-feira, 19 de julho de 2017

O arquétipo Hilbert

Por Adelson Vidal Alves



Arquétipos são padrões, modelos e exemplos que criamos para grupos, pessoas, objetos etc. Recentemente o ator Rodrigo Hilbert se tornou o grande arquétipo de masculinidade. Sua intitulação definitiva se deu logo após o próprio construir uma casa na árvore para seus filhos. O “homão” que já cozinhava para esposa agora se elevara a condição de padrão perfeito do que é ser um homem no século XXI. Ah! Ainda tem o rostinho bonito e o belo porte estético (eu pessoalmente prefiro Rodrigo Lombardi, mas mulheres nem sempre tem bom gosto).

O caso de Hilbert é um claro exemplo que arquétipos nem sempre se formam de acordo com a realidade. O homem que cozinha para mulher com certeza não lava a louça, ele deve ter no mínimo duas empregadas. Construir casas na árvore para os filhos é um cotidiano normal em várias regiões do Brasil, e a beleza física, bem,  isso depende da loteria biológica. Mas eu pergunto as mulheres e homens que aceitaram o arquétipo Hilbert: onde fica o caráter, a inteligência, os valores e exemplos de vida em sociedade? Cozinhar para a mulher vale mais que lutar cotidianamente pela inclusão dos direitos femininos? Fazer uma casa na árvore vale mais que participar de lutas intensas por moradia para quem não tem? A beleza vale mais que o caráter?

O fato é que vivemos tempos onde imagens dizem mais que a realidade. São dias de “pós-verdade”, de liquidez moderna. Não precisamos sermos felizes, basta algumas fotos nas redes sociais em supostos momentos de alegria e está tudo certo. Relações perfeitas começaram a existir, o Dia dos namorados expõe o espetáculo (falso) de um mundo cheio de casais apaixonados, e até a crise econômica não foi capaz de eliminar a ostentação de viagens lindas, belos pratos e bebidas sofisticadas. Somos o que convencemos os outros de quem somos.

O arquétipo Hilbert não é só a prova da nossa pobreza de exigência para nossos modelos de vida, mas também a inversão de valores, no qual padrões humanitários cedem espaço para coisinhas toscas fabricadas pela lente de algumas câmeras. Nem heróis sabemos mais fabricar. A coisa está feia! 

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