Por Adelson Vidal Alves
Arquétipos são padrões, modelos
e exemplos que criamos para grupos, pessoas, objetos etc. Recentemente o ator
Rodrigo Hilbert se tornou o grande arquétipo de masculinidade. Sua intitulação
definitiva se deu logo após o próprio construir uma casa na árvore para seus
filhos. O “homão” que já cozinhava para esposa agora se elevara a condição de
padrão perfeito do que é ser um homem no século XXI. Ah! Ainda tem o rostinho
bonito e o belo porte estético (eu pessoalmente prefiro Rodrigo Lombardi, mas
mulheres nem sempre tem bom gosto).
O caso de Hilbert é um claro
exemplo que arquétipos nem sempre se formam de acordo com a realidade. O homem que
cozinha para mulher com certeza não lava a louça, ele deve ter no mínimo duas
empregadas. Construir casas na árvore para os filhos é um cotidiano normal em várias
regiões do Brasil, e a beleza física, bem, isso depende da loteria biológica. Mas eu
pergunto as mulheres e homens que aceitaram o arquétipo Hilbert: onde fica o
caráter, a inteligência, os valores e exemplos de vida em sociedade? Cozinhar
para a mulher vale mais que lutar cotidianamente pela inclusão dos direitos
femininos? Fazer uma casa na árvore vale mais que participar de lutas intensas
por moradia para quem não tem? A beleza vale mais que o caráter?
O fato é que vivemos tempos
onde imagens dizem mais que a realidade. São dias de “pós-verdade”, de liquidez
moderna. Não precisamos sermos felizes, basta algumas fotos nas redes sociais em
supostos momentos de alegria e está tudo certo. Relações
perfeitas começaram a existir, o Dia dos namorados expõe o espetáculo (falso)
de um mundo cheio de casais apaixonados, e até a crise econômica não foi capaz
de eliminar a ostentação de viagens lindas, belos pratos e bebidas
sofisticadas. Somos o que convencemos os outros de quem somos.
O arquétipo Hilbert não é só a
prova da nossa pobreza de exigência para nossos modelos de vida, mas também a
inversão de valores, no qual padrões humanitários cedem espaço para coisinhas
toscas fabricadas pela lente de algumas câmeras. Nem heróis sabemos mais
fabricar. A coisa está feia!
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