segunda-feira, 10 de julho de 2017

Maia na presidência

Por Adelson Vidal Alves



São quase 14 milhões de desempregados, uma economia praticamente estagnada, manobras para frear a Lava Jato, denúncias cotidianas de corrupção que atingem em cheio o Palácio do Planalto. Tá na hora do governo Temer acabar.

Mesmo que o atual presidente da Câmara dos deputados , Rodrigo Maia (DEM), substituto legal de Temer , não seja o nome ideal, é o único que dentro da Constituição pode assumir o papel de condutor da transição presidencial até 2018. Sim, porque já há algum tempo não falamos de um governo nos termos normais da palavra, mas de uma “pinguela” que nos garanta travessia razoável até o próximo pleito.

Temer recebeu esta função legitimamente e legalmente, mas foi atingido pela imoralidade e ilegalidade que cometeu e lhe deu altos índices de impopularidade, o que fez sua presença no comando do país algo prejudicial aos interesses da nação. O Congresso Nacional, até então nas mãos do presidente, cada vez mais cede à pressão dos fatos, e indica que fará o papel que o TSE não fez: ajudar a desalojar do poder uma figura ilegítima e nefasta para os interesses nacionais.

A saída de Temer e a entrada de Maia devem vir de um pacto que envolva o conjunto completo das forças democráticas, incluindo setores da oposição. O argumento é simples: não há outra via plausível para que possamos repor o país no caminho da tranquilidade democrática. Disso dependem a retomada da economia, a volta dos investimentos, a queda da inflação e a melhoria real do quadro social brasileiro. Em outras palavras, uma sobrevivência estável até a posse do novo presidente pela soberania popular.

Não há razões para pensar outro rumo. Rejeitar Maia é aceitar Temer, a não ser que se insista no falecido discurso das Diretas Já!, a meu ver, até então a opção mais democrática desde o impasse pré-impeachment, mas que não se viabilizou, e hoje, tornou-se irrealizável.

Pode-se pensar em estratégias e articulações, como a que condiciona um futuro governo Maia à interrupção do ritmo das polêmicas reformas, mesmo que soe infrutífera tal proposta. No fim, entretanto, é preciso defender a posse de Maia, inevitavelmente, é a solução possível para que retornemos à estabilidade institucional.

Finalizando, devemos ter em mente que a queda de Temer não tem apenas razões políticas, o que seria golpe, mas uma combinação entre sua quase completa condição de não governar e os crimes visíveis que cometeu ou foi cúmplice no decorrer do seu breve mandato presidencial. Para que tudo isso que falamos aconteça, contudo, esperamos ainda que, aceita a denúncia, o STF cumpra seu papel de afastar Temer. Ai sim, teremos o fim de um breve e conturbado governo e o inicio de uma nova travessia que esperamos ser a definitiva até 2018.


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