sexta-feira, 16 de junho de 2017

O fim do domínio do Homo Sapiens

Por Adelson Vidal Alves



A ideia de que os seres humanos tomam suas decisões de forma livre é falsa. Na verdade, somos simples algoritmos e não existe um “Eu” individual dentro de nós, nossas escolhas são tomadas por sequências de atos que acontecem no nosso organismo. Essa é uma das ideias defendidas pelo historiador Yuval Noah Harari no seu livro Homo Deus: uma breve história do amanhã.

O autor faz outras tantas afirmações sobre o nosso futuro, algumas positivas, outras, nem tanto. Para Harari, o desenvolvimento cientifico foi capaz de vencer a fome e tantas doenças que em outros tempos quase dizimaram a humanidade. Além disso, a engenharia genética e outras ciências serão capazes de manipular o organismo humano a ponto de não existir mais morte e nem tristeza. Um sonho.

Por outro lado, poderemos virar uma simples espécie nas mãos da tecnologia, o domínio do Homo Sapiens estaria chegando ao fim. Imaginem que escolher um casamento, o prato do dia ou o programa do fim de semana dependerá tão somente do processamento de dados de um programa como o Google, que antes de nós, já saberia o que seria melhor para nós mesmos. Somos algoritmos, e como tal, bastariam algumas informações para que outros algoritmos tecnológicos decidam pela gente o que fazer. Na hora de votar, nada de reflexões longas na boca da urna, um simples programa de computador analisaria tudo o que você pensou nos últimos anos e apontará o candidato que combina mais com você. Ele te indicará o nome, você só terá o trabalho de confirmar a escolha do algoritmo.

Mais: homens motoristas não existirão. Um veículo programado será capaz de te levar em segurança até seu destino, sendo capaz de prever em qual rua virar para não pegar trânsito, a velocidade certa de andar, e o momento exato do freio. Nada de acidentes, multas de trânsito e engarrafamentos. As máquinas do futuro serão capazes de rapidamente processar informações que humanos errantes não conseguem fazer a tempo de evitar problemas que nos atormentam no cotidiano da vida. Os médicos também cederão seus consultórios para programas de informática, que em minutos analisarão dados do seu corpo e de sua alimentação dando um diagnóstico infinitamente mais preciso que os constatados por médicos humanos. E aquela reunião de negócios? Como se comportar? O que dizer? Um aparelho instalado no seu corpo vai avaliar sua pressão sanguínea, sua adrenalina e te apontar se você deve ou não fechar um negócio, falar ou ficar em silêncio no encontro. Incrível, não?

Todas essas possibilidades não são apenas ficção. Ao contrário, muitos programas e pesquisas elaboradas por grandes grupos econômicos já apontam nessa direção. Pelo que tudo indica, o Homo sapiens não será mais o grande dominador, seríamos apenas uma peça de manipulação nas mãos da inteligência artificial.

Resta ainda saber o que faremos quando os empregos desaparecerem, quando elites humanas poderão criar super humanos. Como ficará a política, a democracia, o processo educacional? Para Harari, as ciências biológicas darão conta de resolver tudo isso, afinal, somos apenas algoritmos produzidos pela seleção natural. Aqui mora, talvez, seu grande defeito: o determinismo biológico. Ainda sim, sua tese de que o futuro pode sim nos subordinar a nossa própria tecnologia é algo real. O tempo nos dirá o quanto ele está ou não certo em suas previsões.


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