Por Adelson Vidal Alves
A ideia de que os seres humanos
tomam suas decisões de forma livre é falsa. Na verdade, somos simples
algoritmos e não existe um “Eu” individual dentro de nós, nossas escolhas são
tomadas por sequências de atos que acontecem no nosso organismo. Essa é uma das
ideias defendidas pelo historiador Yuval Noah Harari no seu livro Homo Deus: uma breve história do amanhã.
O autor faz outras tantas
afirmações sobre o nosso futuro, algumas positivas, outras, nem tanto. Para Harari,
o desenvolvimento cientifico foi capaz de vencer a fome e tantas doenças que em
outros tempos quase dizimaram a humanidade. Além disso, a engenharia genética e
outras ciências serão capazes de manipular o organismo humano a ponto de não
existir mais morte e nem tristeza. Um sonho.
Por outro lado, poderemos virar
uma simples espécie nas mãos da tecnologia, o domínio do Homo Sapiens estaria
chegando ao fim. Imaginem que escolher um casamento, o prato do dia ou o
programa do fim de semana dependerá tão somente do processamento de dados de um
programa como o Google, que antes de nós, já saberia o que seria melhor para
nós mesmos. Somos algoritmos, e como tal, bastariam algumas informações para
que outros algoritmos tecnológicos decidam pela gente o que fazer. Na hora de
votar, nada de reflexões longas na boca da urna, um simples programa de
computador analisaria tudo o que você pensou nos últimos anos e apontará o
candidato que combina mais com você. Ele te indicará o nome, você só terá o
trabalho de confirmar a escolha do algoritmo.
Mais: homens motoristas não
existirão. Um veículo programado será capaz de te levar em segurança até seu
destino, sendo capaz de prever em qual rua virar para não pegar trânsito, a
velocidade certa de andar, e o momento exato do freio. Nada de acidentes,
multas de trânsito e engarrafamentos. As máquinas do futuro serão capazes de
rapidamente processar informações que humanos errantes não conseguem fazer a
tempo de evitar problemas que nos atormentam no cotidiano da vida. Os médicos
também cederão seus consultórios para programas de informática, que em minutos
analisarão dados do seu corpo e de sua alimentação dando um diagnóstico
infinitamente mais preciso que os constatados por médicos humanos. E aquela
reunião de negócios? Como se comportar? O que dizer? Um aparelho instalado no
seu corpo vai avaliar sua pressão sanguínea, sua adrenalina e te apontar se
você deve ou não fechar um negócio, falar ou ficar em silêncio no encontro.
Incrível, não?
Todas essas possibilidades não
são apenas ficção. Ao contrário, muitos programas e pesquisas elaboradas por
grandes grupos econômicos já apontam nessa direção. Pelo que tudo indica, o
Homo sapiens não será mais o grande dominador, seríamos apenas uma peça de
manipulação nas mãos da inteligência artificial.
Resta ainda saber o que faremos
quando os empregos desaparecerem, quando elites humanas poderão criar super
humanos. Como ficará a política, a democracia, o processo educacional? Para
Harari, as ciências biológicas darão conta de resolver tudo isso, afinal, somos
apenas algoritmos produzidos pela seleção natural. Aqui mora, talvez, seu
grande defeito: o determinismo biológico. Ainda sim, sua tese de que o futuro
pode sim nos subordinar a nossa própria tecnologia é algo real. O tempo nos
dirá o quanto ele está ou não certo em suas previsões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário