terça-feira, 20 de junho de 2017

“É a economia, estúpido!”

Por Adelson Vidal Alves



“É a economia, estúpido!” A frase é do marqueteiro James Carville, assessor do então desconhecido governador de Arkansas, Bil Clinton, candidato a presidência dos EUA em 1992, contra George Bush, que acabara de vencer a Guerra do Golfo. Carville estava certo que a recessão e a fraca economia americana naquele momento dificultariam a vida de Bush.

Deixando nosso vizinho do Norte e aterrissando na cidade do aço Fluminense, Volta Redonda, podemos entender um pouco melhor a frase de James, em outro contexto, é verdade, mas com muita atualidade. Não falemos de eleições, por enquanto, falemos de governo. O prefeito eleito da cidade, Samuca Silva, tem diante de si um desafio e tanto: fazer a economia da cidade crescer e gerar seus frutos. Do contrário, corre o risco de sequer concluir o mandato.

O jovem “gestor” (com todas as aspas possíveis) apostou em um carisma que não tinha, e mal conseguiu montar uma política de governo. Cooptou 19 dos 21 parlamentares da cidade, escolheu a dedo alguns veículos de imprensa, se apoiou nos empresários e se arriscou construir uma governabilidade pelas redes sociais. No inicio, até que deu certo. Segundo pesquisa Orbital, os primeiros 100 dias de administração Samuca tiveram aprovação de mais de 50% da população. Samuca, ainda, conseguiu sepultar eleitoralmente seu maior adversário, o ex-prefeito Neto, reprovando suas contas na Câmara dos vereadores. No entanto, sua fraca assessoria não conseguiu detectar que o marketing e a política são mediações dialéticas junto à opinião pública de um aspecto decisivo na vida de qualquer governo, a economia.

Hoje (20/6) o prefeito voltou a imprensa para chorar as dívidas deixadas por seu antecessor, chegando a levantar a hipótese de que faltará salário aos servidores logo-logo. Uma ação desesperada e inútil. Não terá efeito apenas transferir a culpa, a população quer resultados. Quer emprego, saúde, desenvolvimento urbano e social, inovações políticas, educação de qualidade, concurso público, melhoria nos serviços prestados. Nada disso se consegue sem que a economia esteja em alta; e Samuca seria de uma ingenuidade tosca se acreditasse que o “Ruas de compras” sozinho poderá alavancar algum número positivo e relevante em nossa economia.

É preciso retomar o crescimento! Cortar gastos, redirecionar investimentos, assumir parcerias público e privadas, negociar novos contratos, realizar uma dura reforma administrativa e fiscal, demitir cargos comissionados. Caso a política econômica de Samuca siga tão pobre e desorientada como está, o risco de falência da prefeitura é grande. Servidores ficarão sem salários, fornecedores interromperão seus trabalhos, politicas sociais serão cortadas, empregos desaparecerão, serviços perderão qualidade, faltarão médicos, professores, assistentes sociais.


Quando chegarmos a esse ponto, o governo não terá mais seus 19 vereadores, a imprensa chapa branca vai virar oposição, os aliados irão pular fora, a sociedade irá às ruas. E ai então será o fim trágico de um aventureiro que mal conseguiu se equilibrar no poder, pois não entendeu os fundamentos de uma governança complexa. Nesse momento, certamente terá a lembrança da famosa frase de Carville: “É a economia, estúpido!”. 

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