Por Adelson Vidal Alves
“É a economia, estúpido!” A
frase é do marqueteiro James Carville, assessor do então desconhecido
governador de Arkansas, Bil Clinton, candidato a presidência dos EUA em 1992,
contra George Bush, que acabara de vencer a Guerra do Golfo. Carville estava
certo que a recessão e a fraca economia americana naquele momento dificultariam
a vida de Bush.
Deixando nosso vizinho do Norte e aterrissando na cidade do aço Fluminense, Volta Redonda, podemos entender um pouco melhor a frase de James, em outro contexto, é verdade, mas com muita atualidade. Não falemos de eleições, por enquanto, falemos de governo. O prefeito eleito da cidade, Samuca Silva, tem diante de si um desafio e tanto: fazer a economia da cidade crescer e gerar seus frutos. Do contrário, corre o risco de sequer concluir o mandato.
O jovem “gestor” (com todas as
aspas possíveis) apostou em um carisma que não tinha, e mal conseguiu montar
uma política de governo. Cooptou 19 dos 21 parlamentares da cidade, escolheu a
dedo alguns veículos de imprensa, se apoiou nos empresários e se arriscou
construir uma governabilidade pelas redes sociais. No inicio, até que deu
certo. Segundo pesquisa Orbital, os primeiros 100 dias de administração Samuca tiveram
aprovação de mais de 50% da população. Samuca, ainda, conseguiu sepultar eleitoralmente
seu maior adversário, o ex-prefeito Neto, reprovando suas contas na Câmara dos
vereadores. No entanto, sua fraca assessoria não conseguiu detectar que o
marketing e a política são mediações dialéticas junto à opinião pública de um aspecto decisivo na vida
de qualquer governo, a economia.
Hoje (20/6) o prefeito voltou a
imprensa para chorar as dívidas deixadas por seu antecessor, chegando a
levantar a hipótese de que faltará salário aos servidores logo-logo. Uma ação desesperada
e inútil. Não terá efeito apenas transferir a culpa, a população quer
resultados. Quer emprego, saúde, desenvolvimento urbano e social, inovações
políticas, educação de qualidade, concurso público, melhoria nos serviços
prestados. Nada disso se consegue sem que a economia esteja em alta; e Samuca
seria de uma ingenuidade tosca se acreditasse que o “Ruas de compras” sozinho
poderá alavancar algum número positivo e relevante em nossa economia.
É preciso retomar o crescimento!
Cortar gastos, redirecionar investimentos, assumir parcerias público e
privadas, negociar novos contratos, realizar uma dura reforma administrativa e
fiscal, demitir cargos comissionados. Caso a política econômica de Samuca siga
tão pobre e desorientada como está, o risco de falência da prefeitura é grande.
Servidores ficarão sem salários, fornecedores interromperão seus trabalhos,
politicas sociais serão cortadas, empregos desaparecerão, serviços perderão
qualidade, faltarão médicos, professores, assistentes sociais.
Quando chegarmos a esse ponto,
o governo não terá mais seus 19 vereadores, a imprensa chapa branca vai virar
oposição, os aliados irão pular fora, a sociedade irá às ruas. E ai então será
o fim trágico de um aventureiro que mal conseguiu se equilibrar no poder, pois
não entendeu os fundamentos de uma governança complexa. Nesse momento, certamente
terá a lembrança da famosa frase de Carville: “É a economia, estúpido!”.
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