Por Adelson Vidal Alves
O prefeito Samuca exigiu dos
blocos de rua de Volta Redonda que arquem com todas as responsabilidades em
seus desfiles, até segurança privada. No documento que enviou aos
carnavalescos, deixa um tom de ameaça do tipo "se acontecer algo a culpa é
sua". Nem mesmo Moa e Roseane Gonçalves chegaram a este ponto. O pior é
que tem gente gostando, dizendo que Samuca tá certo, afinal "tem que priorizar
a saude" e "Carnaval só traz prejuízo e baderna" "quem faz
a festa que pague a conta" e por ai vão os argumentos samuquistas
anti-carnaval.
Me desculpem o tom, mas pensar
isso é coisa de gente ignorante. Carnaval não é festa privada, é cultura
popular. Fosse um aniversário, uma formatura, um casamento, bem, ai sim, quem
fez a festa que pague a conta. Mas Carnaval está inscrito na nossa cultura,
mobiliza milhões de pessoas e representa a dimensão simbólica do imaginário
nacional. Isso é cultura, e o Estado tem o dever de garantir sua expressão e
reprodução, do contrário, porque haveria uma secretaria de cultura?
Mas em Volta Redonda Carnaval
não dá lucro, não tem que fazer, dizem alguns. Ora, visão economicista essa.
Iluminar a cidade nas festas natalinas não traz lucro também, apagaremos os
enfeites de fim de ano a partir da gestão Samuca?
O fato é que cultura não tem
que se adaptar as planilhas de lucro e investimento. Ela é uma parte importante
da vida social, cuidar dela é cuidar das memórias do povo, de sua intervenção
simbólica na história. Renegar as políticas de cultura faz de um governo um
assassino de memórias e tradições.
Por fim, há quem diga que é
melhor investir em saúde que no Carnaval. Mas peraí! Ninguém tá tirando
dinheiro da saúde pra fazer carnaval. O orçamento do governo pode cobrir o
cuidado com saúde, assistência social e as festas populares, é só administrar
com a devida transparência. E Samuca passa a vida a falar que é gestor, isso
não deveria ser problema.
O fato é que o governo Samuca demonstra má vontade com o carnaval, a maior de nossas festas populares. Isso nenhum dos secretários de cultura anteriores fez com tanto rigor. É uma pena, pois Marcia Fernandes, titular de Samuca para a cultura, sabe de tudo isso que estou dizendo. Mas parece aceitar a lógica tecnocrata do governo.
Se não deixar as claras sua
autonomia administrativa desde já, vai se transformar numa simples executora
das ordens do chefe do executivo. Perderá a chance de sair como a secretária de
cultura que recolocou a cultura de volta na pauta de governo de forma
qualificada. Competência tem, agora, precisa se impor.
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