segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A culpa é da escola

Por Adelson Vidal Alves



Não tem nada mais mentiroso que esse papo de que o professor é formador de opinião, que ele pode mudar a consciência de nossos jovens bla bla bla. Os alunos acreditam mais no pastor da igreja do que no professor. Motivo pelo qual acho uma grande bobagem essa preocupação lunática dos conservadores de que os professores esquerdistas estariam doutrinando para o marxismo. Isso acontece, no máximo, lá na faculdade, e ainda sim acabam todos indo para o movimento estudantil que emburrece mais que a própria escola.

Mas apesar do pouco protagonismo da escola na vida de nossa juventude, ainda sim ela tem culpa. Na verdade, a maior culpada. É ela quem algema crianças curiosas dentro de uma prisão de conhecimento, esquematizado numa leitura oficial do mundo. A escola proíbe crianças de sonhar, de imaginar, de brincar. Quem inventou essa escola deveria ser preso por usurpar o bem mais precioso de ser criança: a liberdade de ser criança.

Nossos pequeninos logo cedo são enfiados numa sala de aula com menos espaço que um presídio super lotado. São obrigados a ouvir estranhos falando de coisas estranhas, sempre sendo disciplinados a obedecer, a responder a “resposta certa” da avaliação. No fim, seus conhecimentos são avaliados por um sistema absurdo, fundado em números. Tudo absolutamente sem sentido.

Revoltados, reagem com indisciplina, e a escola responde com ações inúteis e negativas. A coerção escolar faz na cabeça do aluno o mesmo que o sistema prisional faz aos presos. Inculcam neles que são “maus alunos”, adolescentes problemáticos, que não vão dar certo na vida. Rotulados pela sociedade, pela família e pela escola, que chance podem ter estes jovens?

Escola deveria existir para formar cidadãos autônomos. Que pensam sozinhos, sonham sozinhos, tomam decisões sem tutela docente. Mas as ambições escolares estão nos números do IDEB, do ENEM, essas avaliações externas totalmente descabidas. Mas são elas que guiam as escolhas dos gestores escolares que passaram a olhar números ao invés de gente.

Repensar a escola é um desafio constante. Mas pra mudar precisamos fazer autocrítica, coisa que não acontece no conselho de classe e na sala dos professores, onde o problema é sempre o aluno. A burocracia escolar funciona com um chip. Não pensa, apenas age para o qual é programado. O momento, de fato, apresenta poucas saídas a curto prazo. A mudança parece estar bem longe, ainda sim, vale espernear.   


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