segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Nassar é a prova de que não houve golpe

Por Adelson Vidal Alves



O escritor Raduan Nassar se apresentou para receber um prêmio literário das mãos do Ministro da Cultura Roberto Freire. O prêmio Camões de literatura é um dos mais importantes da língua portuguesa.  Foram 100 mil euros o valor da premiação recebida por Nassar, no qual metade foi pago pelo governo brasileiro. Com a palavra, o premiado usou e abusou das críticas. Atacou o STF, as instituições, falou dos “tempos sombrios” que supostamente estaríamos vivendo, atrelou o governo atual ao neoliberalismo e o chamou de golpista. Com os aplausos da plateia que gritava “Fora Temer!” recebeu o rebate do ministro, que lembrou que só o fato de um opositor receber o prêmio já confirma a autenticidade democrática do governo. E nisso, Freire está certo.

Ao receber o prêmio (e não devolver, como se espera de um democrata premiado por um suposto regime golpista) o escritor deixou as claras que o governo Temer nem de longe resultaria de um golpe de Estado. Fosse um governo golpista, o mínimo que aconteceria seria a ausência de representantes do Estado. Mas o próprio ministro foi à premiação, manteve-se cordial até o surto do escritor e tentou conduzir a cerimônia com relativa harmonia. Mas seria ingenuidade imaginar que um petista com os holofotes em cima de si perderia a chance de constranger a democracia brasileira. Intelectuais e artistas do petismo agem assim.

Lembram de Gregório Duvivier pedindo a saída de Temer ao vivo? Rappers como Emicida conduzindo o coro de várias plateias abobalhadas para um “Fora Temer!” enquanto faziam shows financiados por dinheiro público?

Cito ainda José de Abreu, Leticia Sabatela e o mais patético de todos, Tico Santa Cruz, como exemplos do time cooptado da classe artística que compõe o braço armado do meio cultural petista.


Todavia, Nassar prestou serviço a ordem democrática brasileira. Recebeu o prêmio, falou o que queria e saiu para os holofotes da imprensa ser bajulado pela militância. Fosse uma ditadura, o escritor sairia direto para uma prisão, a plateia seria duramente reprimida e a imprensa proibida de publicar os fatos. Nada disso aconteceu. Sabe por quê? Porque vivemos a liberdade democrática, e ela é tão intensa que se tolera até mesmo comportamentos infantis e irresponsáveis como esse, que insistem em colocar o Brasil e sua institucionalidade democrática em xeque. Os fatos, porém, cada vez mais são os que comprovam a tranquilidade de nossa democracia, que venceu o discurso terrorista e lunático daqueles que até recentemente ocupavam o Estado brasileiro assentados em uma extensa rede criminosa de poder. 

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