Por Adelson Vidal Alves
O escritor Raduan Nassar se
apresentou para receber um prêmio literário das mãos do Ministro da Cultura
Roberto Freire. O prêmio Camões de literatura é um dos mais importantes da língua
portuguesa. Foram 100 mil euros o valor
da premiação recebida por Nassar, no qual metade foi pago pelo governo
brasileiro. Com a palavra, o premiado usou e abusou das críticas. Atacou o STF,
as instituições, falou dos “tempos sombrios” que supostamente estaríamos
vivendo, atrelou o governo atual ao neoliberalismo e o chamou de golpista. Com
os aplausos da plateia que gritava “Fora Temer!” recebeu o rebate do ministro,
que lembrou que só o fato de um opositor receber o prêmio já confirma a
autenticidade democrática do governo. E nisso, Freire está certo.
Ao receber o prêmio (e não
devolver, como se espera de um democrata premiado por um suposto regime
golpista) o escritor deixou as claras que o governo Temer nem de longe
resultaria de um golpe de Estado. Fosse um governo golpista, o mínimo que
aconteceria seria a ausência de representantes do Estado. Mas o próprio
ministro foi à premiação, manteve-se cordial até o surto do escritor e tentou
conduzir a cerimônia com relativa harmonia. Mas seria ingenuidade imaginar que
um petista com os holofotes em cima de si perderia a chance de constranger a
democracia brasileira. Intelectuais e artistas do petismo agem assim.
Lembram de Gregório Duvivier
pedindo a saída de Temer ao vivo? Rappers como Emicida conduzindo o coro de
várias plateias abobalhadas para um “Fora Temer!” enquanto faziam shows financiados
por dinheiro público?
Cito ainda José de Abreu,
Leticia Sabatela e o mais patético de todos, Tico Santa Cruz, como exemplos do
time cooptado da classe artística que compõe o braço armado do meio cultural petista.
Todavia, Nassar prestou serviço
a ordem democrática brasileira. Recebeu o prêmio, falou o que queria e saiu
para os holofotes da imprensa ser bajulado pela militância. Fosse uma ditadura,
o escritor sairia direto para uma prisão, a plateia seria duramente reprimida e
a imprensa proibida de publicar os fatos. Nada disso aconteceu. Sabe por quê?
Porque vivemos a liberdade democrática, e ela é tão intensa que se tolera até
mesmo comportamentos infantis e irresponsáveis como esse, que insistem em
colocar o Brasil e sua institucionalidade democrática em xeque. Os fatos,
porém, cada vez mais são os que comprovam a tranquilidade de nossa democracia,
que venceu o discurso terrorista e lunático daqueles que até recentemente
ocupavam o Estado brasileiro assentados em uma extensa rede criminosa de poder.
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