Por Adelson Vidal Alves
Devo iniciar fazendo uma
justiça histórica. As chamadas “Diretas Já!”, tão em moda entra as forças
políticas de oposição, só foi bandeira permanente nas pautas políticas da REDE
e de Marina Silva. A beira do impeachment de Dilma, o PT tentou salvar sua
presidente alardeando “golpe”, enquanto PSDB e seus apoiadores queriam o
impedimento e a construção de um governo em torno de Temer. Marina Silva, desde
aqueles tempos, defendeu que só envolvendo o povo em uma eleição direta
presidencial conseguiriamos solucionar a crise. Hoje, a história dá razão a
ex-senadora, o governo Temer repete Dilma e se desmancha em praça pública, e
mais uma vez, vivemos instabilidade política.
Dito isso, falemos da atual
situação do Brasil. Depois do vazamento dos áudios envolvendo o presidente da
república, é questão de tempo que fiquemos sem governo. Com impeachment ou
cassação no TSE, o novo presidente da República, pela Constituição, deve ser
escolhido no Congresso Nacional. Apesar de ser esta a direção dada por nossa
carta magna, ela é frágil e não leva a lugar nenhum. Os parlamentares estão
desacreditados, grande parte deles sendo investigados pela Lava Jato, e não
contam com confiança da população. Além do mais, a se julgar pela composição
congressual, o nome que deverá sair de lá só pode estar ligado às forças
tradicionais e conservadoras da política que estão no centro desta crise ética.
Em resumo: o congresso não tem moral para escolher o novo presidente. Mas, então,
o que fazer?
A solução, a meu ver, mais
acertada, seria a aprovação rápida de uma PEC que estabeleça eleições diretas.
Neste caso, o povo seria mobilizado, o novo governo legitimado, com condições
de fazer a travessia segura do Brasil até 2018. É preciso, também, rechaçar
propostas como constituintes sem partidos, além de sem sentido, ela é perigosa.
Assembleias constituintes representam momentos históricos de ruptura, não é o
nosso caso, onde vivemos uma crise dentro da ordem institucional, não é uma
crise da ordem institucional. Sem partidos, sem a constituição e sem respeito às
regras do jogo, estaríamos armando o terreno para uma saída autoritária, seja
lá de que lado vier.
Além disso, uma eleição direta
deve ser limpa de tudo que representa o atual estado de coisas. Pessoas
investigadas, que sejam rés, ou que tenham alguma dívida com a Justiça não
podem se candidatar, com a pena de contaminar todo o processo. Lula, Dilma,
Temer, Aécio e todos que estejam de alguma forma na mira dos procuradores,
juizes e ministros do STF, não poderiam disputar o pleito. Além de macular essa
eleição, correríamos o risco de em dias termos que ver mais um presidente
caindo por condenação judicial.
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