domingo, 2 de abril de 2017

Cinco lições que Boechat não ensinou a Samuca

Por Adelson Vidal Alves




Sergio Boechat é um dos principais conselheiros do prefeito Samuca. Está entre aqueles que têm como principal responsabilidade orientar o prefeito em sua atividade administrativa. Acontece que em 2009 Boechat publicou um livro intitulado “A arte da governabilidade”, onde propunha ensinar o exercício de se governar um município. No entanto, a maioria de suas lições não parece ser seguida pelo prefeito que assessora. Vamos a elas:

Depois de eleito, o prefeito não é o prefeito de um partido ou de uma coligação, mas o prefeito de todos, não havendo espaço para retaliações, ódios, perseguições, picuinhas ou atitudes que só fazem complicar o seu governo” Pag 29
           
As dicas de Boechat não serviram para Samuca entender que deveria governar olhando para frente. Ao contrário, o prefeito elegeu um inimigo, o ex-prefeito Neto, paranoicamente lembrado na maior parte da gestão do prefeito eleito. Assim como Boechat previu, as “picuinhas e atividades pequenas” estão complicando a vida do governo.

“Um erro bem comum, principalmente dos marinheiros de primeira viagem (...) é querer governar com o partido ou os partidos que ganharam a eleição (...). Com a vitória nas eleições enchem-se de prepotência e acham que podem tudo contra todos e que não precisam do apoio de ninguém” Pag 53

Samuca deu inicio a sua prepotência bem cedo, antes mesmo de ganhar a eleição, rejeitou a governabilidade política com os partidos, iludiu o povo com a conversa de que só gestão bastava. Não basta. Samuca vai precisar de apoio dos partidos e do parlamento para governar. Achar-se um “super-prefeito” foi um dos seus erros mais grosseiros.

“É mais um dos equívocos do prefeito iniciante. Na maioria das vezes ele não conhece a máquina administrativa, não sabe como ela está funcionando, não sabe se ela está sub ou super dimensionada, mas já quer mudar tudo, atendendo às sugestões de sua assessoria. Geralmente essas ideias saem daquelas “cabeças iluminadas” que cercam o prefeiro” Pag 61

A vontade cega de enterrar o governo Neto fez com que Samuca quisesse destruir todo o legado de seu antecessor. Enrolou-se todo, exatamente por ouvir as “cabeças iluminadas” que o cercavam. As mudanças são necessárias, mas feitas de forma pactuada, preservando conquistas anteriores. Ouvindo a Netofobia de seus assessores, Samuca não conseguiu a lucidez necessária para conduzir uma nova forma equilibrada de governabilidade.

“O político tem que ser um homem de partido. Não pode e não deve usar o partido apenas para viabilizar a sua candidatura e depois simplesmente descarta-lo” Pag 85

Samuca descartou o PV. Não consultou sua Executiva ao compor seu governo, tampouco observou seu programa. Já na campanha eleitoral ele havia traído ás intenções programáticas do Partido Verde, cravadas em seu estatuto. Usou da legenda de forma oportunista.

“O melhor que o prefeito pode fazer é pedir para que o secretário de governo receba os “visitantes” e os encaminhe para as áreas competentes, para que os próprios secretários, havendo interesse e sentindo que se tratam de pessoas realmente sérias os agende com o prefeito se for o caso” Pag 51

Se Boechat tivesse alertado o prefeito para ler esta parte do livro, teria evitado o mico do chanceler falso.



BOECHAT, Sérgio. A arte da governabilidade: Administração pessoal. Ed. Multifoco; Rio de Janeiro. 2009




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