segunda-feira, 27 de março de 2017

Ineficiência e micos de Samuca fortalecem Neto

Por Adelson Vidal Alves



Falso chanceler, crise de falta d’água, assessores ostentadores, bagunça no trânsito, outdoors mal feitos, mudanças de secretários, derrota em eleição de conselheiros de um clube. É por tudo isso que Samuca vem sendo lembrado em menos de 100 dias de governo, até um apelido bem humorado foi dado ao prefeito: SaMICO.

O despreparo do prefeito, muito mais que jogar sua popularidade lá em embaixo, afastar apoios e trazer desconfiança na população, pode estar produzindo a recuperação da imagem do ex-prefeito Neto, em queda durante o período eleitoral. E aqui Samuca também tem culpa. Isso por que desde que assumiu o Palácio 17 de Julho promove uma perseguição insana e estrategicamente equivocada a seu antecessor. De inicio fez um estardalhaço para anunciar um rombo nas contas da prefeitura, que durante as eleições todos os candidatos avisaram de sua existência, exceto ele, que sempre minimizou a gravidade do assunto defendendo que o que faltava era “gestão”. Também produziu um dossiê e recentemente tentou adentrar no "território inimigo" querendo uma vaga no conselho do clube que o ex-prefeito Neto reina desde sempre. O resultado? Levou uma surra e sequer conseguiu ser eleito.

Volta Redonda é uma cidade que sofreu o sufoco da política durante 20 anos. A era Neto cooptou a imprensa, os partidos, os movimentos sociais e as associações de moradores. Pouca movimentação política somada a uma oposição raivosa e sem projeto perpetuou a figura de Neto, que vinha se esgotando, mas sem ter uma candidatura de oposição que, de fato, conseguisse unir a cidade por uma saida democraticamente saudável e responsável. O que restou foi o triunfo de um aventureiro, que surfou na onda do “apolítico gestor” e arrebanhou uma multidão de desesperados esperançosos confiantes no triunfo de um líder messiânico, limpo da sordidez que prevaleceria na política tradicional.

Mas este “messias” (no caso, Samuca) não reuniu as condições necessárias para suprir essa esperança no governo, atender este vácuo político que apareceu. Ao contrário. Nomeou um secretariado apático, assessores atrapalhados e não conseguiu apresentar uma agenda de reformas administrativas e fiscais capazes de sinalizarem para o empresariado, os movimentos sociais e o povo voltarredondense uma governabilidade eficiente.

Tudo isso ressuscitou o ex-prefeito Neto, que do seu anonimato temporário vê sua figura avançar e ganhar forças num vazio político que teima em não ser ocupado. Nenhuma força política se projeta para assumir uma posição que vá além de Neto e do aventureirismo oportunista de Samuca. Para as pessoas comuns, o fracasso de Samuca significa imediatamente a necessidade do retorno de Neto “nos braços do povo”.


Ainda é cedo, mas se o prefeito seguir assim, sem projeto e liderança, verá a imagem do seu antecessor crescer e retomar a consciência popular. Estará reaberto o espaço de poder. Ou se organiza um novo bloco político, novo e equilibrado, que supere a dicotomia Samuca x Neto, ou o ex-prefeito poderá, de forma prematura, assumir o papel do messias que um dia foi de Samuca. 

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