Por Adelson Vidal Alves
Falso chanceler, crise de falta
d’água, assessores ostentadores, bagunça no trânsito, outdoors mal feitos, mudanças
de secretários, derrota em eleição de conselheiros de um clube. É por tudo isso
que Samuca vem sendo lembrado em menos de 100 dias de governo, até um apelido
bem humorado foi dado ao prefeito: SaMICO.
O despreparo do prefeito, muito
mais que jogar sua popularidade lá em embaixo, afastar apoios e trazer
desconfiança na população, pode estar produzindo a recuperação da imagem do
ex-prefeito Neto, em queda durante o período eleitoral. E aqui Samuca também
tem culpa. Isso por que desde que assumiu o Palácio 17 de Julho promove uma
perseguição insana e estrategicamente equivocada a seu antecessor. De inicio
fez um estardalhaço para anunciar um rombo nas contas da prefeitura, que durante
as eleições todos os candidatos avisaram de sua existência, exceto ele, que
sempre minimizou a gravidade do assunto defendendo que o que faltava era
“gestão”. Também produziu um dossiê e recentemente tentou adentrar no "território inimigo" querendo uma vaga no conselho do clube que o ex-prefeito
Neto reina desde sempre. O resultado? Levou uma surra e sequer conseguiu ser
eleito.
Volta Redonda é uma cidade que
sofreu o sufoco da política durante 20 anos. A era Neto cooptou a imprensa, os
partidos, os movimentos sociais e as associações de moradores. Pouca
movimentação política somada a uma oposição raivosa e sem projeto perpetuou a
figura de Neto, que vinha se esgotando, mas sem ter uma candidatura de oposição que, de
fato, conseguisse unir a cidade por uma saida democraticamente saudável e
responsável. O que restou foi o triunfo de um aventureiro, que surfou na onda
do “apolítico gestor” e arrebanhou uma multidão de desesperados esperançosos
confiantes no triunfo de um líder messiânico, limpo da sordidez que
prevaleceria na política tradicional.
Mas este “messias” (no caso,
Samuca) não reuniu as condições necessárias para suprir essa esperança no
governo, atender este vácuo político que apareceu. Ao contrário. Nomeou um
secretariado apático, assessores atrapalhados e não conseguiu apresentar uma
agenda de reformas administrativas e fiscais capazes de sinalizarem para o
empresariado, os movimentos sociais e o povo voltarredondense uma governabilidade eficiente.
Tudo isso ressuscitou o
ex-prefeito Neto, que do seu anonimato temporário vê sua figura avançar e
ganhar forças num vazio político que teima em não ser ocupado. Nenhuma força
política se projeta para assumir uma posição que vá além de Neto e do
aventureirismo oportunista de Samuca. Para as pessoas comuns, o fracasso de
Samuca significa imediatamente a necessidade do retorno de Neto “nos braços do
povo”.
Ainda é cedo, mas se o prefeito
seguir assim, sem projeto e liderança, verá a imagem do seu antecessor crescer
e retomar a consciência popular. Estará reaberto o espaço de poder. Ou se
organiza um novo bloco político, novo e equilibrado, que supere a dicotomia
Samuca x Neto, ou o ex-prefeito poderá, de forma prematura, assumir o papel do
messias que um dia foi de Samuca.
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