Por Adelson Vidal Alves
No ano de 2013 me juntei a um
grupo de pessoas para recolher assinaturas na fundação de um novo partido: a
REDE Sustentabilidade. A nova legenda nascia em torno da ex-senadora Marina
Silva. As eleições de 2014 interromperam esse processo, já que a REDE não
conseguiu registro no TSE a tempo de disputar as eleições presidenciais. Marina
acabou se abrigando temporariamente no PSB.
Em 2015 o partido é reconhecido
pela Justiça eleitoral. Eu e meus companheiros do grupo de assinaturas nos
reunimos para tentar organizar o partido na cidade de Volta Redonda. Fomos aconselhados
a procurar os grupos que também tinham interesse em construir a REDE. Os interessados
aceitaram trabalhar na formação de uma direção provisória plural, sendo
orientados diretamente pelo diretório estadual. A poucos dias do final do prazo
de filiação para a disputa do pleito municipal formamos nossa executiva, onde
fui escolhido porta voz (presidente na linguagem jurídica do TSE). Nossa
direção provisória resistiu a uma investida oportunista de pessoas que tentaram
assaltar o partido para fim de interesses pessoais, saímos inteiros e obtivemos
relativo sucesso com nosso único candidato a vereador. Tudo isso, no entanto,
foi extremamente desgastante, me fazendo conhecer desilusões e desalentos
frente a realidade do partido, a quem hoje comunico meu desligamento. As razões
são de ordem pessoal e política.
De inicio admito o quanto é
trabalhoso formar um partido, ainda mais com a proposta que a REDE tinha. O
movimento foi aberto, acolheu variados setores da sociedade, a ideia era ser
plural. Com o tempo, percebi que esse pluralismo virou sinônimo de falta de
identidade, já que nunca nos posicionamos no espectro ideológico, nunca nos
afirmamos como centro, esquerda ou direita, a REDE quer abraçar o mundo, de
certa forma, adotando o discurso pós-moderno que proclama o fim das grandes narrativas
ideológicas. O partido não é social-democrata, liberal , comunista, ou é tudo ao
mesmo tempo. No centro, o discurso comum da sustentabilidade e da nova
política, essa última que jamais foi devidamente conceituada, apenas de forma
genérica. Convivi ao lado de neopentecostais homofóbicos, anti-comunistas,
ultraliberais, gente de direita mesmo, aceita naturalmente pelo partido.
Com mais de um ano de existência, a
organização partidária é precária. A disputa política é fratricida. No estado
do Rio, no momento atual, assistimos a uma luta interna que mal conhecemos suas
dimensões. O interior do estado sofre. As informações não chegavam a nós, mal
conseguíamos nos comunicar com nossos dirigentes. A realidade interna do
partido corre sem nossa ciência. Nosso deputado Molon vem a Volta Redonda fazer
uma palestra, sequer uma ligação recebemos. Passei pelo constrangimento de saber
do evento por um de nossos adversários políticos. Em tempos de redes sociais e
comunicação rápida, nada explica tal situação, a não ser o descaso.
A REDE segue sendo uma
alternativa, do qual sigo confiando que influenciará positivamente a democracia
brasileira. Para isso, terá que criar um rosto, apresentar um programa coeso,
equalizar suas diferenças e botar pra fora os corpos estranhos que frequentam o
partido. Não há nenhum sinal de reforma significativa nesse sentido. Ao
contrário, sequer conseguimos agir unificados pelo impeachment, o próprio deputado
Molon nos chamou de golpistas.
Marina Silva, essa grande
mulher, é o sol no qual os militantes da REDE giram em torno, virou uma santa
intocável. Menos por culpa dela, mais pela passividade dos filiados. A grande
maioria deles pessoas honestas e sinceras que verdadeiramente se preocupam com
um mundo melhor.
Não vou ficar para ajudar nessa
mudança que tantos precisamos. Falta-me força, tempo e empolgação. Seguirei,
provavelmente, como um torcedor pelas transformações partidárias, mas não
doarei mais meu tempo às instâncias de direção. Saio desejando sorte aos
guerreiros e guerreiras que ficam e seguem acreditando no potencial do partido.
Eu, aqui, despeço-me dos meus companheiros. Força a todos e muita Coragem.
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