Por Adelson Vidal Alves
O Brasil é um dos países que
ainda mantém grande resistência ao debate da legalização do aborto. Em parte,
tal discussão é bloqueada por conta da intervenção religiosa- protestante e
católica- que além de levar para a esfera pública e estatal convicções íntimas,
desinforma e aterroriza. Ao proclamarem a “defesa da vida”, os religiosos
ignoram a morte anual de milhares de mulheres, devido a utilização de clínicas clandestinas
na interrupção de gravidez indesejada.
Segundo a Pesquisa Nacional do
Aborto, realizada em 2010, a maioria daquelas que abortam ganham entre 0 e 2
salários mínimos. Isto é, as mulheres ricas conseguem abortar com segurança,
enquanto as pobres são expostas a própria sorte. Deve-se constatar que o
recurso ao aborto não é uma perversidade feminina, mas ato indesejado de quem não
confia no Estado e na sociedade para garantir uma maternidade segura e
confortável, para ela e para seus filhos.
A legalização do aborto é uma
questão de saúde pública, onde o governo assume responsabilidades para com a decisão
individual das mulheres, garantindo amparo decente e que dê segurança a saúde da
mulher.
Mas os políticos, sobretudo em
tempos eleitorais, costumam fugir deste debate. Num país conservador e de
dimensões religiosas, apoiar tal tema não costuma dar voto. Fossem eles
republicanos e misericordiosos com as mulheres desassistidas, enfrentariam a
temática sem medir suas opiniões pela ótica das urnas. A eleição de muitos se
dá a custa do sangue de milhões de mulheres pobres.
Os que se opõem a legalização
do aborto se apoiam em um único e frágil argumento: seria assassinato contra seres
indefesos. Os defensores da legalização do aborto não defendem a
eliminação de crianças formadas no útero da mãe. Em todos os países onde tal
prática tem amparo de lei, houve limitação de tempo para a realização do
aborto. Afinal, a ciência não tem posição fechada em torno de quando começa a
vida humana. Para os fundamentalistas religiosos, ela começa logo após a
concepção, em um sopro divino. Deve-se registrar, contudo, que até mesmo
teólogos de autoridade dentro da história da igreja já emitiram opinião diferente.
Tomás de Aquino, por exemplo, defendeu que a vida propriamente dita só começa 40 dias após o ato sexual.
Em países como Cuba e Uruguai,
onde o aborto foi descriminalizado, não houve uma chacina de bebês, como muitos
alardeiam. Por lá, começa a se construir uma consciência de direitos,
liberdades e responsabilidades. Morrem menos mulheres, e as políticas de
educação avançam, com perspectivas de que gravidezes indesejadas diminuam
significativamente.
O dever do Estado deve se dar
na dimensão educadora e assistencial, conscientizando as pessoas quanto às
formas anticonceptivas e também assegurar o acesso de todos a esses métodos. Mas como a pobreza e a desigualdade persistem
no país, por incompetência e descaso do poder público, criminalizar mulheres
que recorrem a soberania do seu corpo para interromper uma gravidez indesejada,
expondo a risco de morte, é covardia e crueldade.
Opa!!!! Tô vendo que o amigo é mais do PV do que do Balthazar!!!! Copia e cola esse texto e manda para os eleitores do Balthazar!!!!
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