Por Adelson Vidal Alves
D. Sebastião, rei de Portugal,
morreu durante a batalha de
Alcácer-Quibir, no ano de 1578. Como não possuía herdeiros, o trono ficou sob o
poder do rei Filipe II, da Espanha. Sob estas condições, surgiu um movimento de
caráter místico-messiânico que se espalhou entre o povo, que esperava o retorno
de D. Sebastião como salvador daquela situação, muitos, inclusive, chegavam a
dizer que o rei na verdade não tinha morrido, apenas aguardava o momento para o
regresso triunfal. Esse movimento recebeu o nome de sebastianismo, e
influenciou até mesmo aqui no Brasil, em Canudos, com Antonio Conselheiro, que
aguardava a volta do salvador para restaurar a monarquia.
O Bonapartismo é o termo
político que se dá a governos que buscam a governabilidade fortalecendo o
executivo e enfraquecendo o legislativo. Inspirado no jeito Napoleão Bonaparte
de governar, o bonapartismo visa a consolidação de uma ditadura, através de um
líder carismático capaz de negociar a conciliação de classes e grupos sociais.
No Brasil, nosso maior exemplo foi Collor, e em menor medida, Lula.
Os dois casos acima tem algo a
dizer ao segundo turno eleitoral em Volta Redonda, particularmente, sobre o
candidato Samuca Silva. O sebastianismo já se faz presente no processo
eleitoral. Quem vota no candidato do PV geralmente o faz com esperança de que
se trata de um herói que libertará a cidade do jugo dos políticos corruptos que
até então dominaram o poder. Como um messias que desce das nuvens, ele mudará
tudo, sem necessidade de propostas, diálogos legislativos ou partidários. É a
mágica do novo, do jovem gestor, da mudança, elementos suficientes para a
glória final da cidade nas mãos do sebastianismo Samuca.
Caso triunfe, e se recuse a
voltar os olhos para a governabilidade democrática, Samuca terá que apelar ao
bonapartismo. Ele já tem 18 vereadores contra ele, apenas 3 o apoiam,
exatamente os mais próximos do atual prefeito Neto. Collor sofreu a mesma
dificuldade, e tentou governar por decretos, congelando ações do Judiciário e
reeditando Medidas provisórias já rejeitadas pelo congresso. Tentou impor suas
reformas econômicas, já que não tinha base de governo suficiente para
negociação. Terminou renunciando, sob a mira de um processo de impeachment.
No momento é difícil prever o
novo prefeito de Volta Redonda, a “onda verde” perdeu força, mas ainda se
sustenta em meio ao clima de sebastianismo, onde o fanatismo e a fé impedem
diálogos propositivos, fanáticos não se convencem com o uso da razão. Seja como
for, Samuca já introduz dois elementos na campanha eleitoral de 2016 na cidade
do aço que afrontam diretamente os valores da democracia.
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