domingo, 3 de abril de 2016

O ingovernável Brasil de Dilma

Por Adelson Vidal Alves



A presidente Dilma diz que impeachment sem crime é golpe, e ela tem razão. Mas também é verdade que o processo de impedimento que corre contra ela tem acusações muito sólidas, e respeita o rito estabelecido por nossa suprema corte, logo, falar em golpe nessa situação é pura mistificação.

O resultado do julgamento do impeachment depende de elementos jurídicos e políticos, mais políticos talvez. Mas a política só se dá depois de um fato jurídico constituído, hoje, expresso em pedaladas fiscais e outros crimes.

Além disso, o elemento político se torna ainda mais importante devido ao visível isolamento de Dilma, seja pela crise econômica, pela perda de sua base parlamentar de sustentação e também pelas enormes manifestações de rua. Para piorar, o PMDB, principal aliado da presidente, desembarcou do governo e promete engrossar o bloco pró-impeachment. Para se livrar, o governo vai vender cargos em troca de votos, para os partidos que sempre ocuparam papéis menores enquanto o partido do vice-presidente Michel Temer esteve apoiando o planalto.

Toda essa situação, somado ao baixo nível de popularidade de Dilma, inferior a 10%, joga o Brasil numa situação de ingovernabilidade. Mesmo se a presidente escapar do impeachment, ela não terá condições para governar. Não conseguirá recuperar uma coalizão de governo que garanta a aprovação de projetos de interesse governamental, sem falar que seguirá enfrentando a possibilidade de cassação, no TSE.

Enquanto Dilma seguir a frente da República, o ambiente político será hostil à construção de um pacto nacional, e a crise econômica tem tudo para se agravar, piorando a tensão social e mobilizando nervos que colocam em risco o clima de tranquilidade democrática que o momento exige.

Como a renuncia de Dilma dificilmente acontecerá, o país aguarda impaciente o desfecho da instabilidade política. E esperamos que a turbulência tenha fim com a construção de uma unidade nacional em torno de bandeiras contra a crise. E se Dilma não tem mais condições de governar, tampouco seu vice tem alguma autoridade moral para tal. A chamada de novas eleições com a saída da chapa presidencial seria a saída mais eficiente e democrática. Essa possibilidade é real, e repousa hoje no TSE, de onde me parece poder sair a melhor solução. 

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