Por Adelson Vidal Alves
A presidente Dilma diz que impeachment sem crime é golpe, e
ela tem razão. Mas também é verdade que o processo de impedimento que corre
contra ela tem acusações muito sólidas, e respeita o rito estabelecido por
nossa suprema corte, logo, falar em golpe nessa situação é pura mistificação.
O resultado do julgamento do impeachment depende de
elementos jurídicos e políticos, mais políticos talvez. Mas a política só se dá
depois de um fato jurídico constituído, hoje, expresso em pedaladas fiscais e
outros crimes.
Além disso, o elemento político se torna ainda mais
importante devido ao visível isolamento de Dilma, seja pela crise econômica,
pela perda de sua base parlamentar de sustentação e também pelas enormes
manifestações de rua. Para piorar, o PMDB, principal aliado da presidente,
desembarcou do governo e promete engrossar o bloco pró-impeachment. Para se
livrar, o governo vai vender cargos em troca de votos, para os partidos que
sempre ocuparam papéis menores enquanto o partido do vice-presidente Michel Temer
esteve apoiando o planalto.
Toda essa situação, somado ao baixo nível de popularidade de
Dilma, inferior a 10%, joga o Brasil numa situação de ingovernabilidade. Mesmo
se a presidente escapar do impeachment, ela não terá condições para governar.
Não conseguirá recuperar uma coalizão de governo que garanta a aprovação de
projetos de interesse governamental, sem falar que seguirá enfrentando a
possibilidade de cassação, no TSE.
Enquanto Dilma seguir a frente da República, o ambiente
político será hostil à construção de um pacto nacional, e a crise econômica tem
tudo para se agravar, piorando a tensão social e mobilizando nervos que colocam
em risco o clima de tranquilidade democrática que o momento exige.
Como a renuncia de Dilma
dificilmente acontecerá, o país aguarda impaciente o desfecho da instabilidade
política. E esperamos que a turbulência tenha fim com a construção de uma
unidade nacional em torno de bandeiras contra a crise. E se Dilma não tem mais
condições de governar, tampouco seu vice tem alguma autoridade moral para tal.
A chamada de novas eleições com a saída da chapa presidencial seria a saída
mais eficiente e democrática. Essa possibilidade é real, e repousa hoje no TSE,
de onde me parece poder sair a melhor solução.
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