Por Adelson Vidal Alves
Está prevista para a próxima
segunda-feira, 11, a votação do relatório que pede o impeachment da presidente
Dilma Roussef. A poucos dias deste fato histórico, a disputa é imprevisível,
com o governo usando dos cargos públicos para tentar atrair aliados menores e
conseguir os 172 votos contrários ou de abstenção capazes de livrar a
destituição da mandatária central do Executivo.
Esta batalha se dá em meio a
uma sociedade em ebulição por soluções constitucionais da crise, com propostas
vindas de todos os lados. Há quem queira o impeachment de Dilma, puro e
simples, outra parte quer eleições gerais, para a presidência e para o
Congresso nacional, e um terceiro grupo que se concentra na cassação no TSE e a
chamada de um novo pleito presidencial.
As três propostas tem
problemas. O impeachment, legal e com abundância de provas, é o meio mais
provável e rápido de tirar Dilma do governo, mas o ato isolado não resolve
grande coisa. Na linha sucessória de governo está Michel Temer e seu PMDB, que
foram cúmplices dos desmandos de Dilma. Com a saída da presidente, metade do
problema se resolveria e a outra metade estaria governando, sem autoridade
moral para reunir o país em torno de um pacto nacional, quando o próprio vice-presidente
é réu da operação Lava Jato.
A chamada de eleições gerais
demandaria a aprovação de uma emenda constitucional, exigindo que 2/3 dos
deputados e senadores abrissem mão de seus próprios mandatos, uma situação inimaginável
no momento.
Por fim, a terceira proposta,
pensada a partir do julgamento do TSE, onde está concentrada as maiores provas
de que Dilma cometeu crimes para ser reeleita, o que seria passível de cassação
da chapa e a convocação imediata de uma nova eleição. Só que o próprio TSE
admitiu que o julgamento só deverá acontecer em 2017, jogando o Brasil numa
fogueira de desgoverno por pelo menos mais um ano.
Sem consenso, as forças que querem
Dilma fora da presidência precisarão tomar uma decisão. Se votarem contra o impeachment
ou se absterem, estarão livrando o mandato de Dilma, de modo que mesmo aqueles
que tem ciência de uma saída incompleta para a crise via impeachment, deveriam
votar pelo impedimento da presidência, a fim de garantir, pelo menos, um
ambiente menos propício a intranquilidades institucionais, mesmo que o ideal
siga sendo perseguido, ou seja, que o povo seja chamado a decidir por um novo
governo, sem Dilma e sem Temer. Até lá, é bom que Dilma fique afastada.
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