sexta-feira, 8 de abril de 2016

Dias decisivos

Por Adelson Vidal Alves



Está prevista para a próxima segunda-feira, 11, a votação do relatório que pede o impeachment da presidente Dilma Roussef. A poucos dias deste fato histórico, a disputa é imprevisível, com o governo usando dos cargos públicos para tentar atrair aliados menores e conseguir os 172 votos contrários ou de abstenção capazes de livrar a destituição da mandatária central do Executivo.

Esta batalha se dá em meio a uma sociedade em ebulição por soluções constitucionais da crise, com propostas vindas de todos os lados. Há quem queira o impeachment de Dilma, puro e simples, outra parte quer eleições gerais, para a presidência e para o Congresso nacional, e um terceiro grupo que se concentra na cassação no TSE e a chamada de um novo pleito presidencial.

As três propostas tem problemas. O impeachment, legal e com abundância de provas, é o meio mais provável e rápido de tirar Dilma do governo, mas o ato isolado não resolve grande coisa. Na linha sucessória de governo está Michel Temer e seu PMDB, que foram cúmplices dos desmandos de Dilma. Com a saída da presidente, metade do problema se resolveria e a outra metade estaria governando, sem autoridade moral para reunir o país em torno de um pacto nacional, quando o próprio vice-presidente é réu da operação Lava Jato.

A chamada de eleições gerais demandaria a aprovação de uma emenda constitucional, exigindo que 2/3 dos deputados e senadores abrissem mão de seus próprios mandatos, uma situação inimaginável no momento.

Por fim, a terceira proposta, pensada a partir do julgamento do TSE, onde está concentrada as maiores provas de que Dilma cometeu crimes para ser reeleita, o que seria passível de cassação da chapa e a convocação imediata de uma nova eleição. Só que o próprio TSE admitiu que o julgamento só deverá acontecer em 2017, jogando o Brasil numa fogueira de desgoverno por pelo menos mais um ano.

Sem consenso, as forças que querem Dilma fora da presidência precisarão tomar uma decisão. Se votarem contra o impeachment ou se absterem, estarão livrando o mandato de Dilma, de modo que mesmo aqueles que tem ciência de uma saída incompleta para a crise via impeachment, deveriam votar pelo impedimento da presidência, a fim de garantir, pelo menos, um ambiente menos propício a intranquilidades institucionais, mesmo que o ideal siga sendo perseguido, ou seja, que o povo seja chamado a decidir por um novo governo, sem Dilma e sem Temer. Até lá, é bom que Dilma fique afastada.



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